04/05/2011

O Lutador, de Darren Aronofsky [2008]

(clique para ampliar)

Este é o Randy "The Ram" Robinson do começo do filme. Um homem que se encontrava no topo de seu próprio mundo, inacessível em sua fortaleza, o ringue. Até que compreende que sua vida estava de cabeça para baixo, de que ele estava só e perdido, que não era o hércules que imaginava, nem nenhum outro Deus grego, que trabalhava muito para sustentar sua vida nos ringues amadores, uma ilusão que sustentava o nome de dias outrora gloriosos.

"O carneiro é o símbolo do masculino, viril e vital, é o primeiro signo do zodíaco, é fogo inicial, a pura energia criadora, de impulsos primários, de natureza poderosa e precipitada, tumultuosa e compulsiva, que vive cada momento de forma desenfreada, seguindo suas emoções mais fortes.

Isso é o que Randy é. É um ser humano perdido, solitário, que não se encontra a não ser no ringue, onde pode dar até sua vida em busca de um sentido, de glória e triunfo, mesmo na tragédia.

Semiótica

Meus caros, eu estava fazendo análises semióticas aqui e nem sabia... pois bem. Tive um trabalho recentemente na faculdade no qual eu deveria criar um cartaz analógico (ao contrário de digital, no sentido de mensagem) para o nosso querido Laranja Mecânica. O que queria meu professor? Um cartaz no qual fosse possível fazer uma leitura e que remetesse ao filme com o mínimo de signos do filme possível, isto é, quanto menos objetos/elementos do filme aparecerem, melhor. Fazer uma laranja com engrenagens estava completamente fora de cogitação. Acompanhe aqui a evolução dos meus cartazes:
Beethoven com os cílios de Alex. Representa algo virtuoso, clássico, com um signo de violência, que não se encaixa na imagem. Esta imagem que está e não está em alto contraste, está e não está meio que rascunhado. O homem não é nem branco nem preto, é cinzento, e nunca será apenas "uma idéia", mas ainda não é uma "obra completa".
A fonte do título varia entre o clássico e o pop, com formas bem arredondadas. Ela se repete nos próximos cartazes e corroboram as idéias descritas no parágrafo superior.

O segundo cartaz tem um conceito parecido com o do primeiro. Nele, o classicismo da música está constrastando com o vermelho-sangue da violência, e assim os cílios podem encaixar-se perfeitamente criando uma harmonia na imagem.
Para este cartaz eu iria utilizar um sangue escorrendo na folha e a clave de sol com os cílios estariam em branco, recortando o sangue. Achei que o background em vermelho representava a mesma coisa, só que com mais sangue, afinal, ele cobre a folha inteira, e é mais elegante. O que é fundamental num filme do Kubrick.

Creio que estes dois primeiros cartazes tiveram os conceitos mais fracos e são um tanto quanto digitais, pois possuem os signos do filme e não é necessário pensar muito para relacioná-los. Entretanto, de todos os que eu fiz, achei os mais bonitos. O primeiro por conta do excelente desenho que eu achei no deviantart de um usuário chamado unknownartist e o segundo, que foi inteiramente criado por mim, gostei pela simplicidade, e achei que ficou bem bonito.

O terceiro cartaz é uma variação do segundo, com mais informações, mas com mais signos, e este foi o motivo dele não ter sido o escolhido.
A clave de sol com os cílios tem o mesmo significado do segundo cartaz, contudo, ele está diluído num copo de leite, o que nos remete imediatamente à abertura do filme. O leite é um signo de pureza, e este misto de violência com música clássica mancham-no. Podem ser interpretadas como as drogas que Alex e seus drugies tomam com leite. Já que Laranja Mecânica começa com seus paradoxos pelo nome, esta imagem representa vários paradoxos contidos no filme. Drogas e pureza, rebeldia e inocência, classe e violência.
Então, criei o quarto cartaz numa madrugada. Era uma idéia que eu já havia tido, mas queria realizá-la em fotografia, mas alguns aspectos técnicos e logísticos me impediram de realizar meu desejo, então, driblei-os e utilizei um efeito que agora considero mais interessante, que é misturar desenho (que eu fiz pelo mouse no Illustrator) com imagens que eu achei na internet. Mudei a fonte também, pois ela precisaria entrar como elemento de interpretação, o que não estava acontecendo até então.
Este cartaz é espetacularizado, e quer deixar claro isso, que é apenas uma representação, por sua mistura de características, assim como o filme quer deixar claro que é só um filme, uma representação da vida. Segundo as palavras do próprio Alex "a vida parece bem mais colorida se vista pelo cinema".

Aqui, temos em primeiro plano um suporte daqueles usados em marionetes (estilo Poderoso Chefão) no chão, caído, com as cordas cortadas e sangue. Atrás dele vemos um homem sendo aplaudido por uma multidão, entretanto, suas mãos estão sujas de sangue. O que isso quer dizer?

No final do filme, ao realizar-se da hipocrisia do mundo, Alex entende que o único jeito de ser completamente livre como quer é aparentar para a sociedade ele continua "na linha", assim ele se imagina transando com a ninfa e os espectadores indiferentes, deixando-o usufruir de seu prazer à vontade. Então Alex destrói o controle que havia sobre ele, corda as cordas que o prendiam, mas continua passa a ser aplaudido, já que ele fizera um acordo com o primeiro-ministro. Ele finalmente "se curou". Alguns pedaços das cordas que o prendiam caem no chão e formam o título e o nome de Kubrick, já que o filme é justamente esse meio termo, é a jornada de Alex entendendo como o sistema funciona.

Em seguida tive que criar um texto comparando Dogville, de Lars Von Trier [2003] com Assassinos por Natureza, de Oliver Stone [1994] (e a história do Tarantino) em uma folha apenas. Este será copiado na íntegra:

O Poder da Escolha

Obras grandes, que não se prendem ao seu veículo e respeitam a inteligência do espectador. Dogville, de Lars Von Trier, se utiliza de recursos do teatro e da literatura, enquanto Assassinos Por Natureza, de Oliver Stone, utiliza variados recursos televisivos. Ambos os filmes buscam o mesmo efeito: afastar-se da realidade para terem seus impactos aceitos pelo público, caso contrário este não enxergaria seu reflexo na tela grande.

A sociedade é masoquista. É isso o que representa toda a sensacionalização midiática quanto à violência, um prazer em se ver sofrer. Grace pode não ter prazer, mas após o primeiro estupro ela se acostumou e passou a aceitar os abusos que recebia, e ao receber a oferta de verdadeiro prazer de Tom Edison, ela recusa, assim como a sociedade recusa ideologias e reformas dos filósofos, utópicas ou não, e estes aceitam a recusa.
Grace observa os atos dos habitantes de Dogville como fruto de seu meio, como se lá não estivesse inserida, ela culpa as circunstâncias, se julgando a própria Graça Divina, que a todos entende e perdoa. Já Mickey e Mallory Knox compreendem o meio em que vivem, e argumentam não estar dando às suas vítimas mais do que merecem.
Para o casal de Oliver Stone, a sociedade camufla seus atos, mata todos os seres da floresta e a própria floresta e chama isto de industrialização. Entretanto, eles não assumem uma posição de justiceiros da sociedade, apenas escolhem e aceitam ser o que são, eles "vivem o demônio", e quando o xamã, representante das instituições - religiosas ou políticas, tenta tirar isto deles, eles o matam e preservam o poder da escolha, arcando com as consequências.
Quando Grace compreende que todos tiveram a escolha de fazer o que fizeram, ela aceita seu lado cão e segue seu instinto, vingando-se de todos que lhe fizeram mal, e do que nada fez e permaneceu apático, especialmente.
Os filmes não deixam uma mensagem para o espectador se tornar mau e violento, apenas diz que todos têm um lado cão. Buscar um equilíbrio entre o Ying e o Yang é essencial. Segundo Freud “aceitar seu lado cão é humanizar-se”.
Quando sair a nota eu comento aqui, em breve surgirão mais cartazes. Gostei tanto da brincadeira que repetirei com outros filmes que eu gostar. Já posso adiantar que vem um aí d'O Lutador, do Aronofsky.

fade to black

02/05/2011

Resumo da Ópera

Bom, sumi de novo, mudei tudo por aqui de novo, vamos ver se agora emplaca nesse 2.5...
E muita coisa aconteceu, a faculdade tá da hora.

Desde o fim do ano passado, li Can't Buy Me Love, uma excelente biografia dos Beatles, apesar de achar a conclusão meio apressada; Admirável Mundo Novo (pela 2ª vez), de George Orwell, - não precisa dizer mais nada, né?; Continuo aos trancos e barrancos em O Senhor dos Anéis - As Duas Torres - eu leio umas 50 ou 100 páginas de uma vez e páro por meses; Redação Publicitária, um bom livro para quem está começando na área; De Moto pela América do Sul, de Ernesto "Che" Guevara; Os Piores Textos de Washington Olivetto, escrito pelo próprio - me sinto amigo dele agora; O Apanhador no Campo de Centeio, de JD Salinger - gostaria de ter lido uma vez mais novo e ler de novo agora, teria mais identificação, mas mesmo assim é excelente; e agora estou lendo um dos maiores romances de todos os tempos (pela 2ª vez, agora mais maduro): O Poderoso Chefão; Além de ter lido hoje uma HQ dos contos de Edgar Allan Poe: Histórias de Poe - O Escaravelho de Ouro | O Método do Dr. Alcatrão e do Professor Pena | A Queda da Casa de Usher; E ainda quero ler muitas coisas: mais Poe, mais Orwell, mais Olivetto, Dostoyévsky, Machado, Kafka, Exupery, Graciliano e um milhão de outras coisas....
Além disso, assisti outros filmes que não comentei aqui: Dogville, de Lars Von Trier; Ran, do Kurosawa; O Pequeno Nicolau, de Laurence Tirard; A Riviera não é Aqui, de Danny Boone; Letra&Música, de Marc Lawrence; Pure Country, de Christopher Cain; o Bravura Indômita original, de Henry Hathaway e outros filmes que já tinha assistido, como Scarface, a trilogia O Poderoso Chefão, Magical Mistery Tour, Pulp Fiction, O Lutador, Com 007 Viva e Deixe Morrer, Kill Bill e Amor à Queima-Roupa, e assisti toda a primeira temporada de Família Soprano.

Fui na virada cultural e ouvi jazz, reggae e o Beatles 4Ever!, não páro de ouvir Django Reinhardt, Quincy Jones, João Gilberto e Chico Buarque. Claro, sem nunca abandonar Bob Marley, Doors, Beatles e um pouco de sertanejo né, pra não perder a raiz. Dei uma mega-visitada no Parque do Ibirapura, visitando o Museu de Arte Moderna, a Oca e as obras nos arredores (como o teatro desenhado pelo Niemeyer) e o museu AfroBrasileiro. Claro que reservei um tempo para ficar de buenas na grama e outro para ficar observando todos os seres aquáticos do lago, com um destaque para os cisnes negros. Também visitei a exposição O Mundo Mágio de Escher, no CCBB, lá no centro de São Paulo, o que já vale a ida, o centro é uma brisa!
Fiz mais filminhos, que aqui serão postados em breve, e estou finalmente escrevendo um roteiro que sairá do lugar e virará um roteiro, não apenas uma idéia. Enfim, esse é o primeiro post que eu uso no blog como um diário virtual, mas vai para a categoria pensamentos. Nem coloquei tudo o que queria aqui pois não faz mais sentido. Mas não se preocupe, caro leitor imaginário, estará nos próximos posts.

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