26/09/2010

Balanço do Mês: Setembro [Atualizado]

O Balaço do Mês foi feito um pouco mais cedo neste, e agora atualizado, que se fez necessário devido à grande quantidade de filmes que não comentei por causa da escola (reta final, né?) e do post sobre Laranja Mecânica.

#01 - Duro de Matar, de John McTiernan (1988): Clássico de ação
O papel que alavancou a carreira de Bruce Willis serviu nele como uma luva! Excelente ação com um roteiro coeso e redondo. Um brucutu que resolve tudo sozinho, mas ao mesmo tempo apanha. Grande entretenimento.

#02 - Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick (1971): Indescritível
Obra-prima de um dos grandes mestres do cinema! Perfeito em todos os aspectos, não é bem aceito pelo grande público por conta da violência exagerada: abram os olhos meus amigos, este é o mundo no qual Vocês vivem e não dão atenção!

#03 - Encouraçado Potemkin, de Sergei Eisenstein (1925 - União Soviética): Revolucionário
Situado na primeira revolução burguesa na Rússia, em 1905, conta a história dos marinheiros e fuzileiros que se amotinam contra os oficiais, gerando uma onda de amotinações. Revolucionário, Eisenstein criou elementos que estão presentes no cinema até hoje, como a fusão de planos, além de usar de metáforas visuais. Até hoje é visto como um dos melhores filmes de todos os tempos.

#04 - Gente Grande, de Dennis Dugan (2010): light
Com Adam Sandler, que vem sendo bem criticado pelos "especialistas" em cinema ultimamente. Eu, particularmente, gosto dos filmes dele, são leves, engraçado (não histéricamente engraçados, mas engraçadinhos) e sempre passam uma mensagem para você viver melhor, seja feliz. Típico filme família. Uma espécie de Mercenários da comédia, já que conta com Rob Schneider, Chris Rock e "grande elenco".

#05 - O Preço de um Resgate, de Ron Howard (1996): Tenso
Você acredita o tempo inteiro já saber o final e se surpreende com a reviravolta. A tensão é muito bem feita e as atuações de Mel Gibson e Gary Sinise são excelentes. Bom entretenimento.

#06 - Até o Limite da Honra, de Ridley Scott (1997): Entretenimento vazio
Um diretor instável, é o que se pode dizer de Ridley Scott, que realizou grandes filmes e outros não tão bons assim. Este é um exemplo de um filme divertido, e que não passa disso. Mesmo com alguns buracos no roteiro, Demi Moore sempre é um motivo para assistir um filme.

#07 - Nascido em 4 de Julho, de Oliver Stone (1989): Contraditório
Muito bem dirigido e com um ótimo argumento, este é um aclamadíssimo filme de guerra e crítica à Guerra do Vietnã. Entretanto, uma análise mais minuciosa mostra como até o quem é inteligente, crítico e estudado (Oliver Stone), pode cair em contradição, criticando um sistema do qual ele não consegue fugir totalmente para realizar sua produção. Leia sobre isso aqui.

#08 - Casablanca, de Michael Curtiz (1939): Clássico
Fora as grandes atuações, tomadas e a bela música, Casablanca não se baseia só no romance entre Rick e Ilsa, e revela todo um contexto histórico verídico que serviu de propaganda norte-americana. Todo o contexto social da época é verdadeiro e o final enigmático, uma metáfora. A garrafa de champagne, com o rótulo Vichy, jogada no lixo, faz alusão à queda dos Nazistas na França, "salva" pelos EUA. (Ler sobre: República de Vichy)

24/09/2010

Totalmente Kubrick #03: Laranja Mecânica [1971]

"Stanley era o grande mestre do cinema. Ele nunca copiou ninguém, ao passo que todos nós lutávamos por imitá-lo"
Steven Spielberg.

Seria A Laranja Mecânica uma futurista apologia à violência ou uma crítica paralelista? O clássico tem várias interpretações, é perturbador, denso e violento, ao passo que é fascinante, divertido e musical. Outra obra-prima de Stanley Kubrick a ser dissecada a cada detalhe.

- Vamos lá! Acabem comigo covardes desgraçados! Eu não quero viver mesmo! Não neste mundo fedorento!
- O que há de tão fedorento nele?
- É fedorento por que a lei e a ordem não existem mais. É fedorento por que deixa que os jovens batam nos velhos, como vocês estão fazendo. Não é um mundo onde um velho possa viver!

Baseado no livro homônimo de Anthony Burguess, de 1962, A Laranja Mecânica é constantemente relacionada à 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Todos são uma espécie de distopia pós-revolução industrial. Criticando o novo modo de vida da sociedade: automático, anti-social, acomodado e mecanizado.

Como um ciclo sem fim, a vida imita a arte, que imita a vida imitando a arte. O impacto causado pelo filme à época de seu lançamento foi estrondoso. Muitos entenderam a obra e acharam-na fantástica, outros não e a repudiram, mas a corrente que mais chamou a atenção foi a onda de crimes que sucederam a estréia, gangues de adolescentes que, para se livrar, diziam que só fizeram o que fizeram por influência do filme.

Devido a tais ocorrências, Kubrick retirou a fita de circulação na Inglaterra, onde vivia, até a data de sua morte. Chateado por interpretarem o oposto do que ele quis passar com o filme, esse ato foi mais para a proteção de sua família, pois havia o risco de acontecer com ele o mesmo que aconteceu com o velho escritor na primeira parte do filme, já que ele morava numa afastada casa numa zona rural da Inglaterra.

O filme é dividido em três. A primeira parte mostra Alex (Malcolm Mcdowell), o protagonista e líder de uma gangue de adolescentes, vivendo sua vida e praticando um pouco de sua adorada ulta-violência, tomando o leite "batizado" no Korova Bar. Os estilos de gangues uniformizadas de maneira simples e esdrúxula, lembra o vindouro filme The Warriors - Os Selvagens da Noite, que se passa em um "futuro próximo" onde gangues dominariam as cidades.

Com uma virada na trama, Alex acaba sendo traído pelos companheiros e preso. O segundo ato se passa na “reabilitação” do “nosso sofrido narrador”, o que inclui sua passagem pela prisão e depois o Tratamento Ludovico. Supostamente curado, o terceiro ato conta sobre a reinserção de Alex na sociedade, que o escurraça da mesma maneira que ele fez com ela e, após tentar se matar, “cura-se” e volta a ser o mesmo personagem do começo, só que agora com apoio do estado.

A circularidade das coisas, visivelmente (organização de elementos) e na trama: o Alex do final volta a ser o Alex do começo, assim como suas visitas à lugares e pessoas que ele já encontrara anteriormente na fita. O conflito Homem vs. Máquina, o conformismo, e a violência são temas recorrentes em trabalhos de Stanley Kubrick, e se apresentam em peso nessa obra.

A principal crítica que o filme faz é à moral da sociedade moderna conformista, violenta, libidinosa, corrupta, sem valores e imperativista. Por isso torna-se um erro considerá-lo futurista, pois como o próprio diretor falou, é uma “fábula”. É um paralelo com o modo de vida desse século, os problemas apresentados no filme já existiam à época de seu lançamento. E a prova disso é sua atemporalidade: a decoração e arquiterura dos ambientes, as roupas, os penteados femininos e o linguajar dos adolescentes nunca existiram, mas coexistem com um fusca e uma kombi, que servem de lembrança para as pessoas de que não se trata de uma ficção.

Além disso, o filme é uma crítica à violência, e não uma apologia à ela. Seria Alex tão mau e inescrupuloso se a sociedade na qual ele vive não fosse assim? A doutrina do sistema (governo, mídia e religião) impõe um modo de vida igual à todos. A mídia alienizadora prega uma sociedade conformista, na qual o consumo sempre fica em primeiro plano, acabando com a individualidade mas ao mesmo tempo aumentando o egoísmo e o isolamento de cada um, tornado o indivíduo cego aos problemas à sua volta.

Não seria, então, a ultra-violência uma forma não muito ortodoxa de Alex se destacar dos demais? Afinal, ele era um personagem de inteligência, sarcasmo e gosto cultural refinado, sendo seu músico preferido ninguém menos do que Beethoven. Segundo Kubrick "Alex é daqueles personagens que pela lógica seria incapaz de atrair qualquer tipo de simpatia entre o público que assiste ao filme. No entanto, ao longo do filme, ele consegue nos atrair para ‘o seu lado’ e toda a desconfiança e antipatia que pudéssemos sentir por ele desaparece". Seria então essa simpatia por Alex uma subconsciente aprovação a uma revolta tão podre quanto tudo que se apresenta ao redor dele?

Após ser “curado”, (aos olhos da sociedade, pois ele continuava sentindo as mesmas coisas de antes, só que acomete-se um mostruoso enjôo toda vez em que deseja praticar violência), a própria sociedade não estava curada para ele. Tornando-se vítima da brutalidade desta em que vivia, e dessa vez sem chance de resposta. Ele fora psicologicamente lobotomizado, quase como RP McMurphy, personagem de Jack Nicholson em Um Estranho no Ninho, que seria lançado 4 anos depois e apresenta uma crítica semelhante ao sistema alienizador.

O mais curioso sobre o Tratamento Ludovico, no entanto, é que ele está presente durante todo o filme, sendo aplicado ao telespectador. Afinal, ele não consiste em mostrar imagens de violência extrema combinada à música clássica? Em resposta poderia se dizer que o espectador não está amarrado à uma camisa-de-força e nem impossibilitado de piscar. Mas quem que se propõe a assistir Laranja Mecânica consegue parar antes que o filme acabe? Ele é esteticamente tão bem feito que é impossível não ver.

A decadência da estrutura familiar está escancarada nos imbecis pais de Alex; o Ministro do Interior é a personificação da hipocrisia e podridão dos governantes. Para não ficar desmoralizado perante a opinião pública, faz um acordo com quem ele acabara de condenar, e chega ao ponto de dar-lhe comida na boca; Mr. Deltoid, contratado para “ajustar” Alex, se preocupa com ele só para não sujar seu nome na praça. Representando os interesses do capital, é tão estúpido que bebe água de um copo com uma dentadura dentro; E nem mesmo o inocente e vitimado escritor, opositor ao governo, escapa ao sadismo e decadência (mesmo tendo todos os motivos para tais atitudes), vira um personagem quase que demoníaco. E, para finalizar, a Mulher-gato e o todo o cenário urbano (destaque para o Korova Bar) que denunciam toda a libido da sociedade, que perdeu todos os valores morais, tal qual a sociedade alemã às vesperas da ascensão do nazismo, como retratado em Os Deuses Malditos, de Luchino Visconti.

Assim, Alex pode ser visto tanto como um opositor contra tal sistema, pois sofre agressões de e agride a todos, quanto uma simples consequência de injustiças sociais e da desmoralização da própria organização social do homem. Se tornando, nesse meio, um ser tão bizarro quanto uma laranja mecânica. A laranja, uma fruta cheirosa, bonita que possui um suco nutritivo delicioso, só na aparência, pois dentro é só engrenagens se movendo conforme ordenada, assim como cada indivíduo a que falta identidade.

A Laranja Mecânica é mais uma obra prima de Stanley Kubrick, conhecido por seu perfeccionismo e por trabalhar nas falhas (imperfeiões) humanas. Tecnicamente impecável em qualquer aspecto, sugere diversas discussões sobre a organização social e o homem como indivíduo. Perdido, conformado, rodando como uma engrenagem de um sistema há muito obsoleto.

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Curiosidades: veja na wikipédia.

Fontes de pesquisa:
1. Recanto das Letras
2. Cinema é Minha Praia
3. Fórum Media

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18/09/2010

Duro de Matar [1988]

Numa época de filmes com muitas explosões e pouco roteiro, Duro de Matar chega ao final da década para unir o melhor do gênero e virar um clássico!
Como um protagonista menor do que o usual, e vindo da comédia (Gato & Rato), Bruce Willis se tornou um dos maiores brucutus de todos os tempos. Sua ironia e canastrice encaichou em John Mclane e, mesmo não sendo um ator versátil e dramático, é perfeito para o papel.
O melhor do roteiro, dito simples, é que ele se abre em várias frentes. Critica a ineficiência da polícia, a "esrotice" da imprensa e mostra todos os ramos possíveis a ser abertos pela consequencia do sequestro de um prédio. Fora o fato do plano do vilão ser genial, as ações de John Mclane são igualmentes desesperadas e inteligentes.

John Mclane é um exército de um homem só, mas não é enorme como Stallone e Schwarzenneger. Acabou com os terroristas sozinhos, mas apanhou pra caramba. Fez tudo sozinho, mas errou, é humano, apanhou e, no final, contou com a ajuda do policial amiguinho.

Duro de Matar surgiu como uma homenagem aos filmes de ação da década de '80, cita Rambo e Exterminador do Futuro, tem um roteiro e argumento aparentemente mais simples que os citados, entretanto, é melhor executado e bem-sucedido, se tornando um clássico do gênero.

04/09/2010

Balanço do Mês: Agosto

Meio que com poucos posts... alguns filmes, mas certamente uma ótima recomendação: a matéria sobre 2001: Uma Odisséia no Espaço, do site "Saindo da Matrix". É o tipo de interpretação que eu busco no blog e nem sempre tenho feito. E uma muito melhor sobre a obra de Kubrick que eu mesmo fiz. Dito isso, vamos ao balanço do mês:

#01 - Watchmen, de Zack Snyder (2009): Divertidasso
Apesar de algumas falhas, como algumas músicas (apesar de excelentes) que não encaixavam, e ao exagero hollywoodiano do diretor com sua adora câmera lenta, este filme é um excelente pipocão, agrada e nos deixa com muita vontade de ler os quadrinhos e conhecer mais sobre essa "mitologia" fantástica.

#o2 - Amarcord, de Federico Fellini (1973): Obra-prima
Fiquei devendo um post sobre a primeira obra que assisti de Federico Fellini e já posso dizer que o diretor é excepcional! O filme que retrata a simples vida numa cidade pobre no interior da Itália (a que ele nasceu) é genial e sincero como poucos. Fellini usa até um personagem como seu porta-voz, que olha para a câmera e fala com você. Além de ser hilário, claro, afinal, é uma comédia.

#03 - O Paciente Inglês, de Antony Minghella (1996): Excelente
Outro excelente filme que eu fiquei devendo um post. "Típico filme vencedor de Oscars", levou nove. Retrata a história de um paciente de guerra, por meio de flashbacks, e mostra sua atual situação, ao final de 1944. Excelente roteiro, atuações e direção, é um filmaço.

#04 - Valsa com Bashir, de Ari Folman (2008 - Israelense): Provocador
Um FILMASSO! Mostra de maneira crítica a guerra no Líbano e o massacre de Sabra e Shatila. No fundo, faz uma crítica ao homem e sua ganância. Genialmente feito em animação, é lento e pesado. Mas muito bom para refletir.

#05 - Os Mercenários, de Sylvester Stallone (2010): Testosterona
Totalmente ao contrário do filme anterior, é pura ação. Entretanto, a falta de roteiro, atuações ou direção é compensada por quase todos maiores brucutus do cinema da década de 80 e muita testerona, com explsões e mortes.