Woke up, got out of bed / Dragged a comb across my head / Found my way downstairs and drank a cup / And looking up I noticed I was late // Found my coat and grabbed my hat / Made the bus in seconds flat / Found my way upstairs and had a smoke / and somebody spoke and I went into a dream
#01 - Magical Mystery Tour, d'os Beatles [1968]
"Roll Up! Roll up for the mystery tour!" Quem diz que aquela cena de "I Am The Walrus" em Across The Universe é psicodélica, é que nunca assistiu à isso. Psicodelia não são simples cores e efeitinhos, é sim o que este filme mostra. Sua total falta de coerência e outros requisitos básicos do cinema são elementos essenciais de sonhos, coisa que achei que faltou em A Origem (ao menos nas partes de sonho, numa interpretação básica do roteiro). Sensacional, este filme pode ser considerado por muitos Muito Ruim, mas se for, de tão ruim, ele deu a volta e ficou Excelente!
#02 - Let it Be, de Michael Lindsay-Hogg [1970]
Já não se pode dizer o mesmo do último filme dos Beatles, um triste quase-documentário do final da banda, que já não tem todo o entrosamento de antes. Um pouco melancólico, vale pela famosa cena deles tocando no telhado (eles foram lá especialmente para a gravação) (alguns diriam que também vale pela cena de John e Yoko dançando, mas como tem a Yoko, não vale a pena). Além disso, as versões que eles tocam das músicas são diferentes das dos dois Cd's (Let it Be [1970] e Let it Be...Naked [2003]), com destaque para "Two of Us".
#03 - The Doors, de Oliver Stone [1991]
É um filme do Doors, que se foca no mitológico Jim Morrison, e na parte do mito, nas loucuras e em suas brisas. Não gostei, e agora que só falta Platoon dos principais trabalhos do Oliver Stone, começo a desconfiar de seu talento. O filme per si é bom, nada mais. Não fala de nada além do Jim muito louco, e não adianta reclamar de material, que tinha de sobra para fazer um filme de 3 horas, quiçá dois. Pra mim, por enquanto, só Assassinos por Natureza dele que é espetacular (com a ajuda do Quentin também né...)
#04 - When You're A Strange, de Tom DiCillo [2009]
Já gostei um pouco, mas ainda insuficiente. Ele diz um pouco mais sobre a música e a relação da banda, mas deveria falar mais sobre a música e da poesia de Jim. Estão vendendo artistas como popstars (que foram, mais muito mais profundos no que faziam).
#05 - O Sexto Sentido, de M. Night Shyamalan [1999]
O Bruce Willis é realmente incrível, o que ele não tem de talento dramático ele tem de escolher papéis. Já Haley Joel Osment (o menininho) esbanjou talento dramático em tela, e gastou tudo. Com uma estória original e um excelente roteiro, Shyamalan acendeu a faísca de um novo grande diretor, mas o vento apagou também. Este filme é o dos que eram para ser e não foram e do que não era e foi. Imperdível, conhecidíssimo, só não acho o clássico que dizem por conta do final: a sacada é genial, mas ficou meio mastigadinho, sabe? Ia ser mais interessante se ficasse em aberto para especulações.
#06 - O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme [1991]
Espetáculo de atuações, roteiro, direção, tudo. Um filmaço! Foi a confirmação do talento da ex-atriz-mirim Jodie Foster e a consagração de Anthony "Hannibal" Hopkins.
#07 - Gênio Indomável, de Gus Van Sant [1997]
Um filme muito bom, mas que não me tocou tanto quanto aos outros, pelo que me parece.
#08 - Ratatouille, de Brad Bird [2007]
Este é um dos melhores filmes da Pixar, é espetacular em todos os sentidos. E em especial neste discurso do Rèmy, após seu pai lhe mostra a violência do mundo: "Não, não Pai, eu não acredito. Você está me dizendo que o futuro é, só pode ser, essa matança? - [Essa é a natureza, Filho. Você não pode mudá-la] - A natureza é a mudança, Pai. Nós podemos mudar, e começa quando você quiser". Estes (Pixar's) não são filmes só para crianças.
#09 - Ilha do Medo, de Martin Scorcese [2010]
Assisti no dia 1/1/11, feliz da vida por ter tomado um Engov! E que filmasso! Na minha opinião, deveria estar entre os 10 melhores de 2010. Neste filme me convenci do DiCaprio, nem imaginava o que estava me esperando...
#10 - Cidade de Deus, de Fernando Meirelles [2003]
A grande obra brasileira lá fora. Re-assisti e gostei até mais que da primeira vez. É um clássico tupiniquim. E apesar de toda a ação, faz uma boa análise sociológica do processo de favelização no Brasil.
#11 - A Origem, de Chris Nolan [2010]
Depois de assistir, aquele estalo: "Caralho! Que Filmasso!". Depois, analisando friamente, não é tão ~asso assim por um simples motivo: poderia ser mais. Alguns filmes não se tem o que acrescentar, mas este tinha. É ótimo, vai ficar marcado pois lançou um ótimo tema: os sonhos. Mas faltou mais sonho, mais incongruências - tudo bem, o filme ficaria sem sentido, mas pelo menos na parte do limbo, eles poderiam fazer um visual mais psicodélico, aquele cidade cinza lá é um sonho pra lá de infértil.
#12 - Taxi Driver, de Martin Scorcese [1976]
Meu Deus, que filme. Uma desconstrução psicológica de um personagem perturbado num ambiente mais perturbado ainda: as ruas criminosas de Manhattan, NY, a noite. Um ser alienado, que absove tudo que vê: violência e pornografia e fica cansado disso. Sua resposta é a única que ele conhece: a violência. Para alguns, o filme é muito "parado". Acontece que ele se passa através dos olhos de Travis Bickle (DeNiro, GENIAL), uma sombra na cidade, que não age até explodir, que não consegue conversar por não ter qualquer habilidade social e por se distrair facilmente. Seu receio com negros e vagabundos é simplesmente o que seu meio o ensinou, assim como sua violência. Genial em todos os aspectos, palmas para Scorcese, DeNiro, Jodie Foster, Harvey Keitel, Bernard Hermann, Paul Schrader....
#13 - Nascido Para Matar, de Stanley Kubrick [1987]
Obra-prima de Kubrick = redundância. Os filmes de Kubrick abordam a natureza humana, portanto são psicológicos, não vá esperando um filme de guerra, cheio de ação. Genial como sempre, Stanley disseca a vida militar durante a guerra do Vietnã. Desde o treinamento, seus absurdos, suas ridicularidades (hilário) e a transformação que aquilo causa com a mente de um sujeito. Na guerra, os generais continuam boçais; os soldados, perdidos, mal-organizados e morrendo. Um questionamento a guerra e a violência, principalmente, a boçalidade humana.
#14 - A Rede Social, de David Fincher [2010]
Excelente. Muitíssimo bem dirigido (melhor que A Origem, em assuntos de Oscar) e tecnicamente perfeito. Tocar "Baby You're a Rich Man" no final foi a cereja no bolo. Confirmou que 2010 foi um bom ano de filmes (estava achando horrível até então) e que David Fincher aprendeu a ser apreciado por todos, ainda sim, prefiro Clube da Luta e Seven.
#15 - Lolita, de Stanley Kubrick [1962]
De Kubrick não preciso mais falar, certo? Me lembrou muito Psicose, e achei melhor que tal em se tratando de uma análise a psicose. A natureza humana de novo retrata, desta vez pelo "amor": ciume, libido, psicose, loucura... Nos filmes de Kubrick todos os personagens conseguem ser escrotos, este não é uma exceção, mas Peter Sellers está demais! Principalmente na abertura, me imagino quem conseguia não rir durante as filmagens... deve ter sido dificíssimo! Pena não podermos assistir do jeito que Stanley queria, mas a falta do sexo tornou tudo mais implícito e ficou, de certo modo, bem mais atraente.
#16 - Stanley Kubrick: A Life in Pictures, de Jan Harlan [2001]
Um documentário básico sobre a vida de Kubrick. Vale a pena assistir, tem ótimas entrevistas de quem trabalhou com ele, e conta bem como foi sua vida e como ele era. Tem alguns spoilers dos filmes, então, cuidado.
#17 - Cisne Negro, de Darren Aronofsky [2010]
Perfeito. O Melhor filme de 2010 e com certeza um dos melhores da década que se acabou. Natalie Portman está em uma das melhores interpretações do cinema. Um filme sutil, nervoso, sexy, perfeito. A releitura moderna, visceral e crua do ballet clássico
O Lago dos Cisnes é o próprio
Cisne Negro. Merece um post gigantesco próprio, pois abre para alguma interpretações, além de ser um Filmasso, de arte, que merece ganhar todos os prêmios a que concorrer, mas não vai, pois é sempre assim. Para ler uma ótima análise psicológica clique
aqui.
#18 - Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, de Michel Gondry [2004]
Foi o oposto do que aconteceu com A Origem. Primeiro pensei "só isso?", no dia seguinte "nossa! esse filme é muito bom!". É uma simples estória de românce, muito mais original que as enlatadas hollywoodianas. Os amantes não são lindos, bem-sucedidos e felizes; são mal-arrumados, perdidos por aí, soltos na vida. O fato deles apagarem uns os outros das memórias podem levantar debates de várias naturezas, desde a psicológica até a sociológica. E interessante ver que todos que apagaram suas memórias apaixonaram-se novamente pela mesma pessoa, e mesmo ouvindo tudo que ela disse que mais odeia nela, aceitarem o desafio de viverem juntos novamente, isso é amor.
#19 - Clube da Luta, de David Fincher [1999]
Síntese do homem moderno. Em breve com mais comentários, terei uma aula de filosofia sobre ele e passarei tudo a limpo aqui, hehe.
#20 - Brazil - O Filme, de Terry Gilliam [1985]
#21 - Bravura Indômita, de Joel & Ethan Coen [2010]
E a busca cessou. É achado o melhor filme de faroeste desde Os Imperdoáveis. Um filme excelente, com uma estória diferente do comum (agora sou obrigado a ver o filme original) e tecnicamente perfeito. Creio que deve ser melhor que o original por não ter todo aquele lance patriótico americano, mas ainda assim não é o melhor filme dos Irmãos Coen.
#22 - Estômago, de Marcos Jorge [2007]
Um excelente filme brasileiro que poucos conhecem. Trabalhando com a percepção do espectador, utiliza a comida somente como pano de fundo ("Coxinha boa pra caralho!") para uma estória muitíssimo mais interessante e original, que ainda é beneficiada pelas excelentes montagem e trilha sonora, além da atuação do nosso protagonista Raimundo Nonato (João Miguel). Supreendente, mostra que nem tudo é como parece, além de denunciar (ainda que de forma indireta) um sistema carcerário corrupto e ineficaz.