29/06/2010

Toy Story [1995], Toy Story 2 [1999] & Toy Story 3 [2010]

Os três filmes Toy Story são uma ode à amizade e à lealdade. São filmes impecáveis em todos os sentidos que são muito mais do que desenhos para crianças, são obras para todas as gerações, que, no melhor estilo Disney/Pixar, passam um moral (sem ser forçado).
Esse terceiro filme especialmente é o mais bonito, é mais melancólico e nostálgico, com tom de despedida. Assim como os outros dois, é muito engraçado e tem histórias maravilhosas. Um roteiro um pouco mais complexo do que os outros dois, mas ainda assim bem simples, com tomadas fantásticas fazem desse filme perfeito.

A mensagem de amizade é muito forte, qualquer um que sai do cinema se sente revigorado, leve, feliz. Essa mensagem que a Disney falhou ao tentar passar em Alice no País das Maravilhas, do Tim Burton. Mesmo assim, o filme não é moralista, vide as piadas com o Ken bicha. As diversas referências que os três filmes têm também são ótimas, sobre Star Wars, Exorcista e até dos próprios filmes anteriores.

A trilha sonora também merece destaque, especialmente a música tem "You've got a friend in me" em espanhol, com Gipsy Kings, que remete à um momento divertidíssimo. Particularmente, eu prefiro as músicas em português que em inglês, animações eu só assito dublado, e Toy Story é português é brilhante!

Buzz e Woody passam por várias situações e desentendimentos com os outros brinquedos que servem de mote para as histórias. Brigas, fatos distorcidos, histórias mal-contadas, ciúmes, amizade, lealdade, tudo isso acontece, mas não existe o fator redenção em Toy Story. Pete Fedido e Lotso se apresentam como amigos, amáveis e tranqüilos, mas no decorrer do filme se mostram inescrupulosos e do mal. Ambos têm chances de se tornarem amigos e se redimir, mas não o fazem e acabam "punidos" por alguma criança que brinca com eles do jeito errado.
Toy Story é uma obra-prima, separados ou em conjunto. Sendo o terceiro o mais puro e belo, faz a sala ter que segurar lágrimas no final, e um pouco no começo. Um filme que fez parte da minha infância, eu "regulo com o Andy em idade", já que o tempo passou aqui e no filme. E tinha os bonequinhos do Buzz e do Woody, esses personagens maravilhosos que fazem parte da minha vida.

Para mais informações, ouçam o ótimo Rapaduracast sobre Toy Story.

17/06/2010

Os Deuses Malditos [1969]

Esta obra do diretor italiano Luchino Visconti retrata a vida da família industrial Von Essenback (a família Krupp metamorfoseada) e sua guerra para ver quem toma o controle da fábrica de aço.

O patriarca da família, Joachim, avisa em seu aniversário que decidiu com quem deixará a vice-presidência de sua fábrica após ser relatado sobre o incêndio no reichstag (parlamento alemão). Sempre visando adequar sua empresa à situação, ele pretere o "favorito" Herbert (que é contra o nacional-socialismo, assim como Joachim) e escolhe um agente da SA, Konstantin. Este que já pensa no incêndio como uma conspiração dos comunistas, ao mesmo tempo em que Herbert vê o fato como um joguete de Hitler para se livrar da oposição e do parlamento.

Frederick, funcionário da fábrica e namorado de Sophie - a Condessa de Essenback e sobrinha de Joaquim – vai ao aniversário com um primo da família e agente da SS, Aschenbach. Este o conta que era uma boa noite para agir e subir na hierarquia da fábrica, pois ele dá a entender que sabia do incêndio e da futura invasão da SS na mansão dos Von Essenback atrás de Herbert, considerado traidor pelo estado. E ainda profere que "homens da velha Alemanha serão reduzidos às cinzas", se referindo aos juízes, parlamentares e militares assassinados (embora não seja mostrado no filme).

Frederick e Sophie estão determinados a controlar a fábrica a qualquer preço, e para isso precisam se livrar de seus adversários (familiares). Martin, o filho de Sophie, é "controlável" e não "diferencia uma fábrica de um carro", segundo a mãe. Eles são ajudados por Aschenbach, que faz um depoimento contra Herbert após a invasão da SS na mansão, pois Joachim fora assassinado por Frederick, mas com a arma de Herbert.

Com isso, Martin herda as ações e vira o acionista majoritário da empresa. Respeitando desejos do avô, ele mantém Konstantin na vice-presidência, mas enxerga uma deficiência técnica na empresa, e elege Frederick presidente. Konstantin imediatamente percebe a conspiração da SS e de Frederick, e é então visto como um problema para o crescimento da empresa, "uma flor inocente que precisa ser cortada", pois atrapalhava o caminho. Assim como a SA, por conta de sua disputa com o exército.

Enquanto isso, Hitler promove uma queima de livros na escola de Gunther, filho de Konstantin, quem o deseja fora da escola. Konstantin queria que Gunther fosse trabalhar com ele na fábrica, pois seria seu sucessor. Mas essa idéia fora abolida quando Frederick se tornou presidente.

A Srta. Thallman, esposa de Herbert, deseja deixar a Alemanha, mas é questionada sobre quem/o que a estaria forçando a tal atitude. Ao afirmar que ninguém faz isso, ela precisa de uma "autorização" para sair, e a pede para Sophie. Esta dá a liberação, mas diz que Thallman "nunca mais vai encontrar esta Alemanha que tanto gosta, pois ela está morta para sempre. Ela não pode escapar, pois quando se der conta, a Alemanha se estenderá por toda a Europa", revelando seu forte pensamento nazista.

Konstantin descobre sobre a garota de nove ou dez anos que se suicida, com quem o pedófilo Martin tinha (insinuações de) relações, e então o chantageia, e o faz convocar uma reunião de conselho, onde conseguiria, por votação, chegar à presidência. Mas é impedido, pois, por pressão de Rhöm, que fez um ultimato à Hitler sobre o conflito SA x Exército e foi esperá-lo em um hotel na Baviera com a cúpula da SA. Lá, todos são metralhados pela SS, e Konstantin especialmente por Frederick, que fora junto com Aschenbach. Este mostrara à Sophie os arquivos da espionagem, e dissera a ela que era impossível conquistar o mundo sem o exército. Esta ficou conhecida como A Noite das Facas Longas.

Frederick tem a sensação de ser insubstituível, e ao querer controlar a fábrica sozinho preocupa Aschenbach e a SS. Este então vai falar com Martin, e o incita e apóia a tomar o que é seu por direito. Martin revela um profundo ódio à sua mãe, que o excluía e humilhava. Ela tirara tudo o que ele tem. E por isso, ele decidiu "acabar" com a própria mãe e transou com ela. A preferência da SS por Martin se dava por conta de ele não almejar a fábrica para si, e de querer ser "ajudado" (controlado) pela SS. Aschenbach ainda contara a Martin que a garotinha era judia, mas que ele não cometera nenhum crime, pois ela era subumana, segundo a ideologia nazista e seu anti-semitismo.

Em um tenso jantar, onde Frederick cobra mais colaboração de sua família, Herbert volta para se entregar à SS, para que essa libere suas filhas, que foram mandadas a um campo de concentração por Sophie. A Srta. Thallman já estava morta a esta altura. Logo após o ocorrido, Martin conta a Gunther de que seu pai fora assassinado por Frederick, ele então nutre ódio pelo casal, mas é aconselhado por Aschenbach a despejá-lo em outro lugar mais importante, que isso Martin já faria, e ele é então levado para ser treinado pela SS.

Após transar com seu próprio filho, Sophie adquire um ar fúnebre, e nada faz para ajudar Frederick a sair do cerco em sua própria casa. No casamento dos dois - que foi conseguido com um decreto dado por Aschenbach para Frederick conseguir o nome Von Essenback e tornar-se o único dono da fábrica, mesmo com sua queda sendo iminente – Sophie está pálida como um defunto por causa de sua maquiagem, e nem bebe o brinde ao seu próprio casamento.

Nas "núpcias", Martin dá cianeto para o casal, e os deixa a sós. Ele sai para o salão, onde uma verdadeira orgia está acontecendo, e apaga todas as velas que acendeu antes da cerimônia. Com a chegada da SS no salão, ele entra no quarto e encontra o casal morto.

Martin, no final do filme, fora um fantoche de Aschenbach, que representa a SS. Eles colocam e tiram quem eles quiserem do cargo que quiserem, para ter total controle da situação. Cumprindo a sentença de Aschenbach no I ato do filme: "os homens da velha Alemanha serão reduzidos às cinzas".

A SS, que nos seus três principais feitos na trama foram apresentados como faróis na escuridão, saindo à espreita. É assim na apresentação de Frederick e Aschenbach e antes da invasão da mansão e na Noite das Facas Longas.

Toda a podridão do filme não está lá gratuitamente. O homosexualismo existia fortemente naquela época, o próprio Rhöm era homossexual, e "ai" de quem falasse alguma coisa para ele. Favor não confundir homossexual com viadinho. O incesto e a pedofilia mostram a imoralidade das famílias naquela época, realmente acontecia aquela orgia suja.

"Os Deuses malditos" é esteticamente fantástico. A íntegra família é apresentada no começo cheia de pompa, mas ao final do filme o clima degenerado de tensão é claramente notado, os cenários refletem isso. No começo é tudo muito iluminado, e ao final, muito sombrio. O roteiro é espetacular, foi até indicado ao Oscar (em 1970, outros tempos), e garante profundidade aos personagens, e o grande auge disso é Martin, uma figura que começa o filme como Drag Queen, passa por cenas de pedofilia e termina matando a própria mãe. É o resumo de um filme pesadíssimo psicologicamente, mas ainda assim brilhante.

16/06/2010

Coisas Belas e Sujas [2002]

O filme de Stephen Frears desaponta no fim, mas começa bem e te prende até o final. A estética underground representa muito bem como vivem os imigrantes ilegais de uma Londres nunca mostrada, e serve como denúncia ao que essas pessoas vivem e ao tráfico de órgãos.

Começamos o filme com um protagonista negro. Depois descobrimos que seu nome é Okwe (Chiwetel Ojiofor) -eu, embalado com a Copa do Mundo, lembrei do meu álbum de figurinhas e pensei, é nome de nigeriano: bingo! Ponto pra mim. Depois nos é dito que ele está em Londres (já dava para perceber pelo volante na direita, mas não é certeza). Descobrimos sua ilegalidade e um relacionamento frio com a turca Senay (Audrey Tatou) que lhe aluga o sofá. Outra imigrante ilegal. Querendo ser o mais discreta possível, só deixa Okwe ir para o apartamento quando ela não estiver.

Ele dirige táxis de dia e trabalha como recepcionista de um hotel à noite, mascando ervas indígenas para ficar acordado. Numa bela e suja noite de trabalho, ele descobre que o que está entupindo a privada de um dos quartos do hotel é um coração. Ao reclamar com o gerente, este o impele a ligar para a polícia, como Okwe é imigrante ilegal, não o faz. O patrão dá a entender o que descobriremos mais tarde, existe um tráfico de órgãos de imigrantes no hotel em troca de passaportes da união européia.

O grande mérito do filme é que sua trama se sub-divide em várias. Não é uma história simples. Eis aqui em ordem de importância (ao meu ver):
#1: Okwe. Vamos descobrindo o personagem, seu passado e sua perspectiva para o futuro. Muito bem construído. E também como ele faz para "se virar" na capital inglesa mais suja do que bela nesse filme.
#2: O suspense do tráfico de órgãos
#3: O relacionamento Okwe-Senay, que vai evoluindo com a fita.
#4: Senay. De personagem casta à usada e "corrompida" pelo sistema para sobreviver, sofrendo todo tipo de abuso.

Apesar da costura das tramas ser muito bem feita, o filme cai numa de hollywood no fim do filme, com uma solução tão fictícia quanto o vilão: Sr. Juan, que é bem caricato, ele é até meio parecido com o Robert DeNiro. Mas ainda assim se encaixa na trama e frase no final de Okwe serve como uma denúncia/desabafo das classes oprimidas pelo sistema:

Inglês: Como é que eu nunca te vi?
Okwe: Por que vocês nunca nos vêem. Nós dirigimos seus táxis, limpamos seus quartos e chupamos seus paus.

O filme, aliás, é cheio de diálogos de efeito, que são excelentes, mas não ficam muito orgânicos no filme, outro espetacular é este, quando Okwe quer impedir que Senay venda seu rim:

Senay: Uma das faxineiras fez isso e agora está livre!
Okwe: Outras estão mortas!
Senay: E também estão livres!
Okwe: ... o que o seu Deus diria?
Senay: O meu Deus não fala mais comigo.

O filme é inteiramente composto por dilemas. Eles perseguem os personagens, assim como nós mesmos. Bela é a Senay, é a virtuosidade de Okwe e o virtual relacionamento deles. Sujo é o capitalismo, as cidades grandes e sobreviver dessa maneira. Os personagens sofrem, e são muito bem interpretados. O filme é pesado, denso, triste. Mas é muito bom.

Nota pra música que toca nos créditos, não sei qual é, acho que chama "Unloved", se alguém souber, me avise, é muito boa.

fade to black

11/06/2010

Um Estranho No Ninho [1975]

Esta obra-prima dirigida pelo tcheco Milos Forman representa a luta de apaixonados pelo cinema e pela história de um livro. Perfeito, é uma obra para ser refletida em diversos campos e ser apreciada como poucas. Um filme tão denso e tão divertido, com tantos talentos, merece estar em qualquer TopFilms de alguém que goste de cinema.

O livro homônimo de Ken Kesey foi um best-seller escrito em 1962 e baseado nas experiências do autor em um hospital psiquiátrico. Tal livro foi lido por Kirk Douglas, e este se apaixonou pela obra. Querendo "disseminar" sua paixão, ele levou o livro ao teatro, resultado: fracasso total. O público de certa forma não gostou e não entendeu a peça, que após 5 meses acabou.

Mas a paixão foi transmitida de pai para filho e Michael Douglas resolveu levar o livro ao cinema. Entretanto, o fracasso econômico da peça fez com que os grandes estúdios ficassem um pouco resistentes com a idéia da adaptação para a tela grande, e o filme contou com um orçamento curtíssimo. Então pai e filho decidiram que o diretor deveria ser a estrela, e numa conversa com o amigo tcheco Milos Forman (diretor de Amadeus) eles perguntaram se um dia eles por um acaso mandassem um livro a ele, e este gostasse, ele aceitaria dirigir o projeto. Resposta: Sim.

O livro foi mandado a Milos, mas este não respondeu. 10 anos depois, eles mandaram novamente o livro ao tcheco, e agora ele respondera: vamos fazer o filme! Questionado por que não respondera antes, ele disse que nada havia chegado. O livro tinha ficado todo esse tempo na alfândega e o puto não foi avisado!

Para tornar o projeto financeiramente viável, entrou o terceiro produtor na parada: Saul Zaentz. Um chega, outro sai: Kirk Douglas. Após desentendimento com Saul e por ter sido considerado velho demais para o papel principal pelo próprio filho, Kirk vê seu sonho crescer de longe, mas no final obviamente aprovará tudo.
Com tudo preparado, restava o elenco. Para o papel principal foram considerados James Caan, Gene Hackman, Marlon Brando e Burt Reynolds, mas quem ficou com ele foi um talentoso e barato ator, Jack Nicholson. Entretanto, Jack tinha contrato com outra produtora e iria gravar outro filme. Mas por ser considerado perfeito para o papel, o filme ficou parado 7 meses por ele.

O casting do filme é maravilhoso, e os personagens muito verossímeis. Do projeto participaram os agora famosos Jack Nicholson, Danny deVitto e Christopher Lloyd, além dos premiados Brad Dourif (novato na época, fez o Língua de Cobra em O Senhor dos Anéis) e Louise Fletcher.

No trama, RP McMurphy (Nicholson) se faz de louco para sair da prisão e ficar numa clínica, onde a "barra seria mais leve". Mas ao não se adaptar à monótona rotina imposta pelo sistema do hospital, ele tenta adaptá-la a si, quebrando toda a rotina do local. Sua insanidade é até colocada em xeque pelos psiquiatras. Mas tudo o que Randall queria era liberdade.

Foucault disse que "A doença só tem realidade e valor de doença no interior de uma cultura que a reconhece como tal.". O filme no fundo é uma crítica à psiquiatria e seus métodos: medicações, eletro choque e lobotomia (o último é deplorável), que eram aplicados não para corrigir o comportamento do cidadão, mas para assustar os outros e amedrontá-los de fazer o mesmo.

Pela rebeldia e carisma, Mac foi considerado um tipo de líder na "comunidade", pois era a quebra da rotina, era a diversão deles, ele era "um gigante" e representava o que eles desejavam e temiam fazer contra o sistema da instituição que os reprimiam e controlavam.

A liberdade que Mac queria era a impunidade, onde poderia agir livremente, de poder roubar um barco para um passeio, devolvê-lo depois e não ser preso por insanidade. Porém, sua liberdade desejada esbarrava com o absolutismo da bela enfermeira Srta. Ratched (Louise Fletcher), o capeta em forma de mulher. Tudo o que ela fazia, segundo ela, era visando o bem e recuperação de seus pacientes, mas a sempre calma e fria enfermeira só "colocava atrás" deles.

Essa critica sociológica se refere ao estado absoluto, onde ele julga saber o que é melhor para o povo, como se fosse uma criança. Ele controla e medica sua população, para ela "melhorar" e não escapar de seu controle. Um caso desses foi a Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro em 1904.

A liberdade de Mac é conquistada ao final do filme. Após o jovem Billy (Brad Dourif) se suicidar por conta da Srta. Ratched ameaçar contar à mãe dele que ele dormira com uma garota, amiga de Mac por sinal. Então o próprio Mac pula em seu pescoço e quase a mata estrangulada, se não fosse pelos seguranças do hospital. Esse sofre uma lobotomia por causa disso e de "problemas" anteriores, e fica em estado vegetativo. Ao "voltar" para a "comunidade" é liberado (morto sufocado por um travesseiro) por seu amigo e também paciente Chefe Bromden (Will Sampson). Este que após o feito, se considera "capaz" de fugir e viver, que Mac o fez um "gigante" como ele foi. Ele fez o que a terapia não conseguiu: deu ao chefe o tesão de viver.

A busca pela liberdade de Mac contra a repressão do sistema só acabou com a sua morte após ser lobotomizado. Ele foi poupado de um sofrimento terrível, e a principal crítica do filme/livro é quanto às técnicas da psiquiatria, baseada em estudos de Foucault. Essa densidade é um dos aspectos que torna Um Estranho no Ninho um filme perfeito. Tanto tecnicamente, quanto nas atuações, no roteiro, na trilha sonora e na direção. E diferentemente de alguns grandes clássicos conhecidos por sua densidade, como 2001: Uma Odisséia no Espaço, é muito engraçado. É base de estudos sociológicos e de cinema. É simplesmente do caralho!

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COMENTÁRIOS EXTRA-POST:
O filme me remeteu muito à Kubrick e Tarantino (pois assisti esses primeiro). O método de filmagem, os ângulos, os zooms durante as falas e alguns cortes me lembraram muito O Iluminado, fora o fato de Jack Nicholson ser um louco, preso num lugar, e que num determinado momento encontra e fode Scatman Crothers (fez Dick Halloran no filme de Kubrick). E a cena final do filme é muito tarantinesca, com a música de Jack Nitzsche ao fundo (Tarantino usaria uma música sua em À Prova de Morte) e o chefe escapando do hospital. Achei meio Kill Bill. Agora, que fique bem claro que este filme veio 5 anos antes d'O Iluminado e que Mr. Quentin ainda tinha míseros 12 aninhos em seu lançamento e nem sonhava fazer o que fez.

É um dos três únicos filmes que ganhou os 5 principais prêmios no Oscar: Filme, Diretor, Roteiro, Ator e Atriz. Ainda foi indicado a mais 4, venceu 6 Globos de Ouro e 6 BAFTA, entre outros.

Desculpas pelo palavreado na conclusão do post. É a emoção.
Fontes de pesquisa: Socializando e Cine Players

fade to black

05/06/2010

Habana Blues [2005]

Habana Blues é fascinante ao retratar o povo apaixonado por sua pátria, mas que vive num país cheio de dificuldades, imposições e limitações da revolução. Mostra seu sonho por uma vida melhor, sua luta do dia-a-dia embalada por uma excelente trilha sonora.

É uma produção cubana, espanhola e francesa. Se passa e é filmada 95% em Havana, Cuba; é dirigida e roteirizada por espanhóis; e imagino que os recursos ($) sejam franceses. Toda essa multinacionalidade dá o toque neutro do filme. Ele tem um background político, mas não toma partido, não faz discursos e nem lições de moral falando que Cuba é horrível ou maravilhosa.

A classe musical representada no filme é protagonizada por Ruy (Alberto Yoel) e Tito (Roberto Sanmartín), dois musicos que tocam blues (dãr) e são como unha e carne, Lennon e McCartney e um pouco só a menos que Simon & Garfunkel. Ambos sonham com sucesso, são compositores, melhores amigos e amam a música.

O filme retrata as dificuldades da vida sem forçar a barra. A separação da esposa, o amor pelos filhos, como sobreviver (financeiramente) e manter sua ideologia. Ruy é um personagem que se preparou para o sacrifício, alguém que até surpreende pela falta de hipocrisia, muito presente na sociedade de hoje, o incrível é que no filme não fica forçado.

Habana Blues é um ótimo filme. Divertido, com uma trilha sonora excelente e personagens carismáticos. Abordando a vida em cuba e suas dificuldades. Mas ainda sim é um filme de amor "a Cuba, esa loca e maravillosa isla".