Ambos protagonizados por Clint Eastwood, são clássicos do western. Entretanto enquanto um foi o grito de um novo modo de se fazer cinema, o outro foi uma homenagem e um ponto final num dos gêneros mais populares da história.
Em decadência na década de '60, os heróis perfeitos e arrumadinhos do western americano estavam fadados à geladeira. Eis que surge o italiano Sergio Leone e revoluciona o tema "oficializando" o western-spaghetti (que antes "engatinhava") com Por Um Punhado de Dólares, filme baseado no clássico samurai Yojimbo, de Akira Kurosawa.
Em seu filme não há maniqueísmo (a existência definida de Bem e Mal), o herói se suja, apanha e é tão escroto como seus inimigos, mas ainda tem sentimentos e por isso é muito mais humano. Outra característica é o simbologismo religioso, o protagonista chega à cidade numa mula, temos uma cena de um banquete que remete a Santa Ceia e após o protagonista ser dado como morto, ele retorna.
O terceiro grande expoente do cinema que surgiu nessa fita (além de Sergio Leone e Clint Eastwood) foi Ennio Morricone, um dos maiores compositores de todos os tempos. Suas músicas compõe uma trilha sonora incidental magnífica, que dá o tom do filme e define o Homem Sem Nome, protagonista vivido por Clint.
Sergio Leone e os westerns depois dele são um dos maiores influenciadores do cinema moderno. Quentin Tarantino, por exemplo, já disse publicamente que usa vários elementos dos filmes de Leone nos seus. Assim como os grandes filmes do cinema brasileiro da Retomada, como Cidade de Deus (muito influenciado por Tarantino, portanto, consequentemente, pelos westerns) e Tropa de Elite (a cena final, do "na cara não, pra não estragar o velório" é muito parecida com a cena final de Os Imperdoáveis).
Os Imperdoáveis, de 1992 é dirigido pelo próprio Clint Eastwood que, competentíssimo, mostra que aproveitou sua experiência com Leone. O filme segue os mesmos preceitos do western-spaghetti, entretanto, seus personagens são mais profundos e o roteiro mais denso. Ele trata da velhice (temas recorrentes de Clint) e da violência, tanto de quem faz, quanto de quem recebe, de quem a glamoriza e quem a quer esquecer.
Considerado na época ser o melhor western dos útllimos 20 anos, ou seja, de 1972 a 1992, ganhou vários prêmios, entre eles os Oscar's de melhor filme, diretor e ator coadjuvante. E, caso não surja um belo exemplar nos próximos 2 anos, será o melhor filme num período de 40 anos. O que não é pouca m.
Ambos os personagens de Clint são muito parecidos, pode-se até considerar um reprise. O Homem Sem Nome é quieto, sisudo, sem amigos e oportunista, está na cidade para ganhar dinheiro e tira de quem puder. Entretanto, ajuda Marisol e sua família e fica companheiro do dono do bar e do cara que constrói caixões.
Já William Munny é velho, tem Um amigo e é maduro, sua falecida esposa ensinara-o que a violência não compensa, e ele saíra dessa vida. Apesar disso, quando surge uma encomenda para matar um cara que cortara a cara de uma puta, ele aceita, mas o faz mais para se redimir de matador de mulheres e crianças do que pelo dinheiro.
Enquanto no filme de Sergio Leone quase todos são aproveitadores, no filme de Clint eles têm seu próprio senso de justiça e seus atos têm motivos, criando um protagonista e um antagonista opostos pelos interesses e ideologia.
Ambos os filmes são os extremos da vida do western moderno, um foi o precursor, e o outro um "desfecho" em altíssimo nível. Aluno número um da escola de Sergio Leone, Clint Eastwood motra que tem todo o potencial de ser um dos maiores diretores, pois o maior do cinema ele já foi, sendo maior que Stallone, Bruce Willis e qualquer outro mercenário, e até do que Wagner Moura.
Cross fade
Este Paralelo foi inspirado pelo Filme Ideal e pela enorme preguiça de escrever dois post's sobre filmes com tanta coisa em comum.
PS: Capitão Nascimento Rulez!
fade to black
Nenhum comentário:
Postar um comentário