31/03/2010

Balanço do Mês: Março & Fevereiro (Especial)

Começo aqui um post de final de mês com rápidos comentários e uma "nota" para os filmes, especialmente esse mês será de março e fevereiro, já que o menor mês do ano não teve isso. Então, vamos à um ótimo mês de filmes! Gostei de todos! Podia ser sempre assim!
Em ordem de data do post, e a nota, em estrelas, de 1 à 5.
(1 - péssimo; 2 - médio; 3 - bom; 4 - muito bom; 5 - tá na história)

#1. Avatar (2009, James Cameron) - 5 Estrelas
Foda! Na minha opinião deveria ter levado o Oscar, pois hoje mesmo pensei: Guerra ao Terror ganhou!? Não que seja ruim, mas acho que até Bastardos Inglórios merecia mais.

#2. 2001 - Uma Odisséia No Espaço (1968, Stanley Kubrick) - 5 Estrelas
Clássico, um dos maiores filmes de todos os tempos!

#3. Star Trek (2009, JJ Abrams) - 4 Estrelas
Maior bilheteria do começo de 2009, ganhou um Oscar (maquiagem) e é muito divertido, acabou com meu preconceito com a série.

#4. O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (2010, Terry Gilliam) - 3 Estrelas
Muito bom, surrealista, gostei bastante, mas a história eu acho que se enrola um pouco no fim.

#5. O Fantástico Sr. Raposo (2009, Wes Anderson) - 4 Estrelas
Fantástico! Esse filme é muito bom! Pretendo ver de novo nesse feriadão, eu adorei, tenho até a trilha sonora agora, que é espetacular!

#6. Cantando Na Chuva (1952, Gene Kelly) - 5 Estrelas
Sensacional. Outro grande clássico, com uma das músicas mais famosas do cinema (música, e não trilha!). Realmente merece seu lugar num Top 10 Greatest Ever.

#7. 9 - A Salvação (2009, Shane Acker) - 3 Estrelas
Ótima animação, mais uma que não é para crianças. Muito inteligente e ótimo visual.

#8. Os Cowboys (1972, Mark Rydell) - 3 Estrelas
John Wayne em uma atuação estupenda! O filme é leve, sessão da tarde da década de 80, com o final politicamente incorreto. Muito bom.
*Nota: A sessão da tarde já passou filmes muito bons!

O único filme que eu vi e não postei nada sobre ele no blog é Toy Story, mas farei um mega post sobre os 3 quando o terceiro for lançado. Fora isso, todos os filmes que eu vi no mês estão aí. Uma média boa, considerando que o único visto em fevereiro foi Avatar, mas ainda tem Toy Story, dá uma média de dois filmes por semana!

28/03/2010

Os Cowboys [1972]

Se alguém fala em faroeste, o nome que vem mais rápido à cabeça é o de John Wayne. O primeiro Machão do velho oeste é uma referência, até quando o assunto é fim de carreira. Em Os Cowboys, o Sr. Wayne faz o que posteriormente fariam Clint Eastwood em Gran Torino e Sylvester Stallone em Rocky Balboa: um filme de "aposentadoria". E apesar de não ser seu último filme, ele se despede orgulhosamente.

Wil Anderson (John Wayne) é um velho rancheiro do velho oeste americano, que ao querer transportar seu gado para vender na outra cidade, descobre que seus velhos parceiros foram todos em busca de ouro. E para resolver seu problema contrata pré-adolescentes entre 11 e 15 anos para ajudá-lo.

Lendo a sinopse, parece ser uma trama simples, das mais leves até, por ser um filme com crianças, bandidos e bangue-bangue. Entretanto elas são melhores do que parece, e apesar do final ser bem fantasioso, é um ótimo filme.

A começar pela atuação de John Wayne, fantástica. As crianças são carismáticas, como o velho cozinheiro Nightlinger (Roscoe Lee Browne). A fotografia é excelente, afinal, western com fotografia ruim não é um western de verdade. O roteiro é redondo e trilha sonora é envolvente.

No filme vemos a história de Wil Anderson, o velho cowboy durão. No começo só sabemos que ele é casado, mas depois descobrimos que ele perdeu dois filhos por "falta de jeito". E é esse "jeito" com as pessoas que marca a evolução de seu personagem. Ao ter/querer transformar aqueles garotos em homens, Wil se torna mais próximo, se tornando um pai para eles (no sentido de mestre, pois eles tinham suas famílias, não eram menores abandonados não) e no fim se entregando, pois "completara sua missão".
O amadurecimento das crianças é outro tema importante do filme, já que eles tem seu "primeiro porre" e uma aproximação com a sexualidade. Sendo que no final do filme eles já são homens. Esse final do filme aliás (vou contar, pra vocês entenderem: as crianças matam os bandidos) é criticado por alguns, mas eu gostei, pois mostra que eles aprenderam exatamente o que lhes foi ensinado, a cena mostra isso. Além de ser totalmente politicamente incorreto, o que faria esse final infilmável hoje em dia, que é para mim, mais um ponto positivo: a audácia.

O bandido do filme é realmente odiável - ele me lembrou o Luther, de The Warriors - e a cena em que ele (ATENÇÃO SPOILER!) mata John Wayne é comovente, não por ele matar, mas por John se entregar, completando o ensinamento dos jovens e se "redimindo" com a vida. O fato de todos os tiros serem dados pelas costas só piora a situação.

Os Cowboys é um filmasso pra quem gosta de westerns. Divertido e muito bem feito, com uma despedida impecável de John Wayne (até a parte que ele morre, depois o filme realmente dá uma caída) fará qualquer um ir atrás de mais filmes Do Cara. Eu irei.

PS: Eu sei que os irmãos Wachowsky eram viciados em mangás, ficções-científicas e kung-fu. Mas será que também poderia adicionar-se Os Cowboys à lista de referências em Matrix? Pois no filme é dito em alto e bom som a famosa frase: "Mr. Andersen".

25/03/2010

9 - A Salvação [2009]

[INT - DIA] Casarão de dois andares da década de 70, cheio de janelas, muito iluminado. Duas pessoas saem de uma sala e andam pelo corredor.

PESSOA 1
Muito bom o filme né?
PESSOA 2
Muito, muito bom. Meio american way of life, mas genial.

Os dois vão descendo a escada e se dirigindo à grande porta branca da frente

PESSOA 2 (CONTINUANDO)
Você viu segunda guerra nele?


Assim começou a conversa com um amigo meu (seria o Pessoa 2) e ele desenvolveu uma "análise" que era justamente o que eu pretendia ver nos filmes quando comecei este blog. Portanto Neuba, tomei a liberdade de escrevê-la aqui, pois concordo com essas coisas que você disse. Contém SPOILERS!
9 é o longa de um curta do mesmo diretor, que concorreu ao Oscar de Melhor Curta em 2006. Shane Acker fez a primeira versão como o trabalho de conclusão da faculdade, e para fazer a versão longa-metragem teve a ajuda do nada-mais-nada-menos Tim Burton.

E o filme combina com Tim, sombrio, personagens estranhos, inclusive o 6, que se parece muito com ele, ou pelo menos Edward Mãos-de-Tesoura. O mundo pós-apocalíptico se parece muito com Matrix, com a diferença que os humanos foram mesmo dizimados.

O plano filosófico ou mesmo as explicações para a trama tardam para aparecer, no começo parece mais um filme de animação/ação, entretanto eu esperava as explicações, e quando elas vieram, foram satisfatórias.

Os 9 bonequinhos são a alma do cientista maluco que iniciou a guerra homem vs. máquina - e terminou. A mesma idéia de dividir a alma, que aparece em Harry Potter - as horcruxes de Valdemort. Mas também antes: o um anel, de Sauron, do Senhor dos Anéis.

Cada bonequinho representa uma característica do cientista: 1 é a fé, a crendice; 2 é a criatividade; 3 e 4 eram gêmeos, eram a inteligência, a necessidade de aprendizado, afinal, era um cientista; 5 é a amizade; 6 é a perspicácia, a veia artística; 7 é a coragem; 8 a força; E 9 a liderança, meio que um mix de todas.

Primeiramente vamos a fatos explicitamente mostrados na película. A referência do chanceler do país em que se passa o filme com o Nazismo é óbvia, assim como o cenário do filme reflete a Alemanha pós-guerra.

Agora, o que eu achei interessante foi a interpretação que meu caro amigo Pessoa 2 (Neuba) fez: A guerra entre humanos e máquinas foi a primeira guerra mundial. E mesmo os humanos tendo perdido, também não parece que as máquinas venceram. Pois no filme eles acordam uma máquina maior, e aquele vazio que era o mundo volta a ser dominado por elas. Seria essa a Alemanha se re-erguendo na segunda guerra. E os 9 os soldados americanos que caem no Dia D e salvam o mundo. Uma menção clara no fim do filme a isso é quando, findada a guerra, sobram 4 bonequinhos, o homem, a mulher e duas crianças, a família perfeita. E ainda dizem "Agora o mundo é nosso, podemos fazer o que quisermos com ele".

A menção ao americanismo é clara, mas eu gostei muito dessa interpretação das guerras. E é o que eu quero fazer com os filmes que posto aqui, foi o que tentei fazer em 2001: Uma Odisséia no Espaço. Falando nela, temos uma clara referência a ela em 9, a máquina do mal, ou máquina Hitler, tem um visor IGUAL ao HAL 9000. Outra referência a filmes (pelo menos eu enxerguei assim) foram os fantasminhas de Star Wars no fim.

A animação é excelente e sua trilha sonora também é ótima. O filme em tudo é muito bem feito. Inclusive na história, que além de falar sobre tudo isso que eu já escrevi aqui, também fala sobre o pensamento filosófico. 9, ao ser impedido de ir salvar seu amigo 2, questiona o dogmatismo do líder 1, que tem a figura de um clérigo. Ele o questiona se aquilo no que ele acredita tão piamente não for verdade e critica o seu fanatismo. Outro ponto que reforça essa idéia é que o abrigo ideal de 1 é uma igreja.

Se não fosse por ser tão demorado em nos entregar sua melhor parte, 9 - A Salvação seria impecável. Com uma linda cena na parte final, ao som de Over the Rainbow, tema do Mágico de Oz, 9 tenta passar uma mensagem que não é executada tão bem quanto em Wall-e, tornando seu principal trunfo suas reflexões e referências a fatos históricos, sua qualidade técnica e as cenas de ação empolgantes. Com certeza é um filme que crianças não gostarão, mas o pessoal mais velho vai adorar.

23/03/2010

Produção #01 - Riders on the Storm

Todos sabem dos tempos de dilúvio que São Paulo passou no começo desse ano, e em umas daquelas chuvas, que sempre começavam às 17h, eu estava na casa de um amigo, que é cobertura e dá para ver vários prédios em volta. Foi aí que caiu a ficha de uma coisa óbvia: São Paulo é um puta cenário pra qualquer coisa.
Eu sou do interior com muito orgulho, odeio o trânsito de São Paulo. E sempre vi as fazendas, estradas e morros como uma ótima cenografia. Nessa tarde chuvosa, com o céu cinza, eu vi que essa era a "essência" de Sampa.

Enquanto estava bebendo umas cervejas com meus amigos vendo a chuva, estava tocando, coincidentemente, Riders on the Storm do The Doors. E tive meio que um insight de uma cena de abertura pra alguma coisa, não sei o que ainda, mas eu a fiz (chamo de versão BETA, pois pode ser modificada) e aqui está.


21/03/2010

Cantando Na Chuva [1952]

[EXT] NOITE - Av. Paulista, São Paulo. - Um Dilúvio

Zé na porta de um cinema de bairro, com o letreiro luminoso dizendo "Noite de Clássicos - A Laranja Mecânica". Várias pessoas saindo enquanto ele arruma o guarda-chuva, abre e sai para a rua.
Andando numa parte da avenida já vazia, o vento bate e leva o guarda-chuva para o meio da rua. Um carro passa por cima. Tomando chuva, começa a CANTAR EM INGLÊS:

I'm singin' in the rain
Just Singin' in the rain
What a glorious feelin'
I'm happy again

Algumas pessoas passam e olham para ele, que está dando chutes no ar. Zé sai pulando e dançando pela calçada. Vai parar no semáforo e dá uma leve escorregada. Enquando espera o sinal para pedestres ficar verde, diz para si mesmo:

Preciso ver esse filme.


Eu penso comigo mesmo: se um dia eu for diretor, filmarei um musical. Isso foi logo após assistir Across the Universe, com as músicas dos Beatles (terá um post especial em breve). A idéia de contar uma história através de músicas coreografadas é genial. Eu adoro musica, adoro dança, e adoro cinema: junte os três e dá um dos meus gêneros favoritos.
E Cantando na Chuva é um dos melhores exemplos de um musical. O mais famoso de todos os tempos, foi gravado em 1952 e fala da transição do cinema mudo para o falado. Dirigido e protagonizado pelo grande Gene Kelly, este é um dos melhores filmes de todos e um dos mais lembrados clássicos de todos os tempos. Afinal, quem não conhece a música Singin' in the Rain?

Don Lockwood (Gene Kelly) é um astro do cinema mudo, craque na arte da pantomina (o que o Chaplin fazia) e junto com Lina Lamont (Jean Hagen) faz a estréia do seu mais novo filme, com grande cobertura da imprensa e lotado de fãs. Ainda no tapete vermelho, ele conta um breve resumo de sua carreira ao lado de seu melhor amigo Cosmo Brown (Donald O'Connor).
Saindo do cinema, o carro de Lockwood quebra, e ao ser perseguido por fãs, ele entra no carro de uma mulher, que primeiramente não o reconhece, mas depois faz uma critica a ele dizendo que ele não é um ator de verdade, e sim quem faz teatro o é, e também aos filmes da época, quando alega que "se você viu um, viu todos".

Eis então que durante a festa do filme, depois da sessão, o chefe do estúdio faz uma mostra de um filme dele mesmo falando com os espectadores, dizendo que essa é a nova pegada do cinema e que o outro estúdio já está produzindo um filme falado. Acontece que em discursos e entrevistas o casal Lockwood e Lamont (casal para os fãs, já que ele não suporta ela) é sempre dado pelo homem, e ninguém nunca ouviu a voz dela, justamente por ser irritante e com um sotaque caipira.

A mais famosa cena do filme vem depois da pré-estréia do novo filme-falado do nosso protagonista, que foi um fracasso. Ao conversar com Cosmo e Kathy (Debbie Reynolds, a mulher do carro) eles tem a idéia de transformar este filme em um musical antes da estréia oficial.

O filme é excelente por tratar de diversos assuntos paralelamente. O relacionamento de Lockwood com Lamont; com Kathy; o crescimento de Cosmo no estúdio; o cinema na época (década de '20) e a saga dos protagonistas de fazer o filme ser um sucesso.

O relacionamento de Lockwood e Kathy começa mal. Ela meio que odiava ele, ou mostrava isso. Mas depois que eles vão se conhecendo (pois eles trabalha no mesmo estúdio) ela se revela uma grande fã dele. E ele se apaixona por ela por ser "a primeira garota que não cai em sua lábia desde os quatro anos".

Enquanto isso o relacionamento de Lockwood com Lamont vai cada vez pior, pois ela é realmente a loira burra e acredita nas revistas de fãs, que dizem que as duas estrelas estão juntas e ele é apaixonado por ela. Sendo assim ela é o contra-ponto do filme, não chegando a ser vilã, mas sim a pedra no caminho de todos que querem produzir o filme: Lockwood, Cosmo, Kathy, o diretor, o chefe do estúdio...

Aí então temos uma inversão de papéis. Lamont, que começa como sendo a Angelina Jolie do Brad Pitt, termina como a "vilã". E Kathy, que começa como uma mala-sem-alça, vira uma das personagens mais gracinhas (modo Hebe de falar) junto com Alabama, de Amor à Queima-Roupa.

As interpretações são ótimas. Kelly e O'Brown formam uma ótima dupla musical, sendo o último engraçadíssimo em todas suas aparições durante o filme (tá certo que algumas cenas foram mais enrgaçadas na época). Hagen nos faz achar graça da burrinha Lamont e Debbie faz Kathy é a belezinha que é. Todos os trejeitos são trabalhados e dão muita personalidade aos personagens.

O mais importante, as músicas, são ótimas, não saem da cabeça depois que você assiste e contribuem para a história. Não são como em Across the Universe, onde as músicas contam a história. Aqui elas servem para ilustrar mesmo o momento. E apenas em um trecho no fim a cena é muito longa e tira um pouco o foco. Mas nada que atrapalhe, afinal, o longa tem só 1h40min.

Cantando na Chuva é um clássico que aparece em qualquer TOP-alguma-coisa do cinema, sendo um dos filmes mais celebrados do cinema. As atuações, o roteiro e principalmente as músicas fazem desse divertido filme uma experiência inesquecível!

COMENTÁRIO EXTRA-POST
Eu estou com uma sorte danada! Desde que eu comecei a escrever no blog, onde eu
comento todos os filmes que assisti, não teve um que eu não gostei ainda! Que bom!
Por que tem umas fases que eu me sinto um velho ranzinza de tão ruins que são os filmes.
E AQUI tem uma ótima resenha que eu li sobre Cantando na Chuva.


18/03/2010

O Fantástico Sr. Raposo [2009]

Eu sempre adorei animações: todas da Pixar, da Disney, entre outras, pois elas fizeram parte da minha infância. Hoje, reassistindo-as, vejo que são filmes para adultos, só que leves e em "deseinhos", sendo adoradas por crianças. Quem não gosta de Toy Story, Nemo, Wall-E, Up, A Bela e a Fera, e um dos meus favoritos: O Rei Leão? Ainda incluo não tão "cultuados" como Mogli e O Cão e a Raposa.
O fato é que começaram a criar filmes em animação sem ser para crianças, claro que elas também gostarão de Avatar, mas O Fantástico Sr. Raposo é um filme que não cairá tanto nas graças dos baixinhos.
A correria, os excelentes diálogos, os problemas existencias/familiares, o impulso animal e o fazer o que gosta/o que nasceu para: caçar galinhas. Não para vender, comer, mas sim pelo prazer e a adrenalina de roubar os fazendeiros. Essa é a natureza do Sr. Raposo. Fantástica a trilha sonora, uma compilação de várias trilhas famosas mais originais. A história envolvente e o ótimo roteiro (baseado no livro Raposas e Fazendeiros) te fazem querer ser o Sr. Raposo, audaz, perspicaz, elegante. Ou no mínimo, amigo dele.

17/03/2010

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus [2010]

O último filme de Heath Ledger, assim que o filme me foi apresentado e o que me chamou a atenção para vê-lo. Na verdade, o filme é mais que isso. Dirigido por Terry Gilliam (12 Macacos e Monty Phyton), esta é uma obra surreal, sobre erros e imaginação.
Dr. Parnassus (Chritopher Plummer) é uma espécie de circense, daqueles freaks itinerantes que ficam por aí. E seu espetáculo promete levar a pessoa à um lugar que ele jamais foi, dentro da própria imaginação, tudo que precisa fazer é atravessar "o" espelho.
MAS! Antes o nosso Doutor fez uma aposta com Nick (Tom Waits), o capeta em pessoa, venceu e obteve a imortalidade, que é na verdade uma terrível maldição. Quando já estava secular, velho e barbudo, mendigando pelas ruas, é que ele se apaixona por uma linda jovem. Sendo assim, o velhaco faz um acordo com o Diabo e rejuvenesce dando em troca todas filhas que tiver, ao completarem 16 anos. E o inimaginável (para Parnassus) acontece, eis que Parnassus teve uma filha, e chega a semana do "cumprimento do acordo". Para salvá-la, ele faz outra aposta com Nick (é, o jogo vicia!).
Eis que surge Tony (Heath Ledger, no mundo real; Johnny Depp na 1ª visita ao imaginário de Parnassus; Jude Law na 2ª e Colin Farrel na 3ª), pendurado pelo pescoço em uma ponte. Ao vê-lo balançando, Valentine (Lily Cole), a filha de Parnassus, puxa-o para cima e descobre que ele está vivo, e sem lembrar de nada. Achando que deve sua vida à trupe, Tony se junta a eles e ajudará o Doc. (assim que ele o chama) em sua aposta. O que só causará inveja em Anton (Adrew Garfield), o primeiramente amado de Valentine.
A morte de Ledger foi um fato contornado na melhor maneira possível por Gilliam. Justamente ele, considerado azarado, teve sorte no fato das cenas não gravadas pelo eterno Coringa terem sido as no mundo do Dr. Parnassus (claro que também existe um planejamento aí). O lugar onde era possível ser e viver qualquer coisa, por isso ele tinha corpos diferentes.
Fora alguns aspectos de roteiro, a história tem umas partes mal-explicadas (não que precise ser mastigado, mas meio que sem sentido para o que está acontecendo) e o rumo que a história tomou depois (por falta de motivos), o filme é ótimo. Os efeitos são muito bons e te fazem querer entrar naquela maluquice que é o mundo imaginário do Dr. Parnassus.
A fotografia é muito boa, assim como Ledger, Depp e Law. Farrel não me agradou tanto, mas talvez por ter sido o Tony mais diferente. O filme tem também uma divertidíssima surpresa: Verne Troyer como o fiel escudeiro de Parnassus. Quem é, você deve se perguntar. Eu te respondo caro leitor. Ele é nada mais (menos impossível) que o Mini Me, de Austin Powers!
Uma das coisas que este filme me fez perceber foi esse meu gosto pelo surreal. Os filmes do Quentin Tarantino são um tanto quanto surreais, ficções-científicas nem se fala, e eu adorei Romeu + Julieta, de Baz Luhrmann (o com o Leonardo diCaprio), e claro, os filmes do Tim Burton.
O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus é um ótimo filme surreal, mesmo com seus altos e baixos, ele não deixa nada a desejar e é uma bela (e infeliz) homenagem a Heath Ledger, como o filme se encerra: From Ledger & Friends (De Ledger e Amigos)

fade to black

15/03/2010

Pensamentos #1 - Vidas Secas

EXT - DIA - Nordeste brasileiro, região semi-árida: tudo que se vê é areia. Uma família de 4 pessoas, um papagaio e uma cadela vira-lata pequena andando. A mãe carrega uma espécie de baú na cabeça, um filho de 4 anos e o papagaio, na gaiola; o Pai leva a espingarda e um alforje. O outro filho de 7 anos levava uma trouxa na cabeça. Nenhuma palavra.


Esta seria a abertura de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos, num filme. O livro segue mais ou menos essa toada até o fim, com pouquíssimos diálogos, por conta da condição social da família, que não sabe se expressar, posi tem um vocabulário muito pobre. Com certeza seria um filme muito difícil de ser feito, e o único que vem na minha cabeça que chega perto disso seria o filme que eu mais comento nesse blog: 2001 - Uma Odisséia no Espaço. Agora, imaginem: Vidas Secas (Dry Life's) por Stanley Kubrick. Seria um tanto bizonho.

Sempre quando leio um livro eu o imagino como um filme, todos fazem. Só que eu imagino cenas, atos, falas e, especialmente, o roteiro. E Vidas Secas, meu livro do momento (comecei a ler para a escola) é um livro que eu simplesmente pensei "ok, esse aqui é um que não dá para filmar", mas bem que eu queria morder a língua assim como todos que falaram o mesmo de O Senhor dos Anéis.

Esta obra de Graciliano Ramos é, na minha opinião, impossível de ser filmada pelo fato de conter pouquíssimos diálogos, ser muito arrastado e também pela principal qualidade do livro: ele te coloca dentro de cada personagem. E isso é literalmente, pois nos capítulos que se tratam dos filhos, você lê e se sente como eles. A forma como foi escrita te faz revisitar todas as suas lembranças daquela época, que são como flashes, meio turvas e não muito certas. A não ser que fosse uma obra um tanto quanto psicodélica - no sertão, que ficaria demais. E mesmo sendo assim seria muito difícil se obter um bom resultado.

Na verdade existe sim um filme de Vidas Secas, muito fiel ao livro inclusive. Foi filmado na década de '60, em preto e branco, com um orçamento baixíssimo e a qualidade de áudio e imagens - fora as atuações - de dar pena.
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Ok, na verdade eu acabei de me fuder. Desculpem o palavreado, mas é que foi bem tenso. Pesquisando sobre o filme aqui, descobri que parece ser um dos maiores filmes brasileiros, indicado à Palma de Ouro em Cannes e considerado um dos precursores do novo-cinema brasileiro. Queimei a língua foda.
Agora, preciso assistir este filme pois só vi os primeiros 10min e dormi (na aula). Não sei se a má-qualidade era culpa da gravação ou se o filme era assim mesmo. Se for, claro, por problemas técnicos/financeiros, ainda é difícil de ouvir!

Bom, minha teoria foi por água abaixo, eu ainda ia falar que se fosse cineasta quereria gravar filmes como este, Capitães da Areia e O Cortiço (mesmo que já tenham sido filmados). Ia falar que até tenho vontade de ter uma cadelinha e nomeá-la Baleia, por causa de Vidas Secas. Mas já chega por hoje. Assistirei o filme até o final e depois eu comento de novo.

fade to black

14/03/2010

Star Trek [2009]

Eu sempre gostei de Star Wars, e como se fosse uma questão de rivalidade nunca me interessei por Jornada nas Estrelas, achando chato ou nerd demais, não sei direito. O ponto é que eu nunca tive vontade de assistir nada relacionado ao Spock e sua trupe. Quando o filme foi lançado ano passado, fiz pouco caso e preferi assistir Wolverine: Origens.
Ledo engano. Star Trek é muito melhor que Wolverine, que na minha opinião está entre os piores de 2009. E o motivo que me levou a assisti-lo foi a lista de melhores de 2009 por Quentin Tarantino. E que bom que o meu mestre sempre me guiará por esse perigoso universo cinematográfico.
O filme começa com tudo. A Enterprise sendo atacada por Nero (seria ele o criador da Dança da Manivela?) e uma cena que se fosse o clímax não deveria em nada. Então acompanhamos paralelamente o crescimento de Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto), até que eles se encontram na Frota Estelar, e o que começa como uma rivalidade se tornará uma longa e próspera amizade (com o perdão do trocadilho).

Star Trek é divertidíssimo. O roteiro bem escrito, as atuações de Chris Pine e Zachary Quinto e ainda Zoe Saldana (Uhulu e Neitiry, de Avatar) são muito boas. Ou seja, o filme é bom por que é o que toda boa ficção científica deve ser: verossímil. Mas nada disso surpreende pois está nas mãos do megaboga competente JJ Abrams. E alem dele temos os Losties: Damon Lindelof como produtor e a trilha do oscarizado Michael Giacchino.

Os efeitos especiais também são dignos de Oscar, e mereceria esse se não tivesse concorrido com Avatar. Eles vêm em boa hora e unicamente para completar o filme, que não se perde neles e mantém sempre o foco na história e nos seus personagens. Kirk e Spock são muito bem explorados, o capitão sem pai e seu crescimento na Frota, e o gênio vulcano com seus sentimentos repreendidos.

Star Trek é um filmasso! Muito divertido e bem feito, como os bons blockbusters devem ser. E espero que venham continuações, pois JJ Abrams me fez ver esse espetacular universo e me tornou um fã - pelo menos desse filme - de Jornada nas Estrelas.

COMENTÁRIOS EXTRA-POST
- Nem todas as postagens sobre filmes serão resenhas super-trabalhadas como a de 2001: Uma Odisséia no Espaço. As vezes serão ligeiros comentários como este de Star Trek ou até menos trabalhados, só falando: vi e gostei, ou assisti e é uma merda.

04/03/2010

Totalmente Kubrick #01 - 2001: Uma Odisséia no Espaço [1968]

Quando assisti 2001, só me veio um pensamento à cabeça: "O que foi que eu acabei de ver?"

INT - Noite - Quarto normal: uma cama, livros espalhados, filmes organizados, quadros na parede (entre eles um poster de Pulp Fiction), e um computador ligado à televisão.

EU
Não entendi nada, mas gostei, e gostei muito

2001: Uma Odisséia no Espaço, dirigido, produzido e roteirizado por Stanley Kubrick, foi lançado em 1968. Considerado revolucionário, tornou-se instantaneamente um clássico. É o pai das ficções-científicas e aperfeiçoou os efeitos especias, sendo eles muito verossímeis até hoje (melhores até que Matrix Reloaded). E é tema de estudos em diversas áreas atualmente, como cinema (o que inclui fotografia, efeitos, roteiro, entre outros, afinal Kubrick era só um gênio), psicologia, história. Fora o fato de ser um filme altamente interpretativo, sendo que cada vez que você o assiste, tenha uma idéia diferente na cabeça.
2001 é uma obra em vários campos. Baseado num conto de Arthur C. Clarke, The Sentinel (1948), foi escrito e roteirizado por Kubrick e o próprio Clarke, que escreveu o livro simultaneamente com o roteiro. Kubrick não aceitou colocar seu nome como autor do livro para as pessoas não "misturarem" os dois, que apesar de serem aparentemente a "mesma coisa", o filme é extremamente mais interpretativo e com um número muito maior de questões deixadas em aberto.
Em 1965 Kubrick volta aos Estados Unidos da América pra produzir 2001, sendo que fora gravar seus filmes na Inglaterra para ter total liberdade, coisa que não teria em Hollywood. Mas após dois sucessos seguidos, Lolita e Dr. Fantástico, ele teve carta branca da MGM para produzir o que quisesse, e voltou ao seu país de origem (sim, ele é americano), onde haviam maiores condições financeiras e tecnológicas para produzir uma de suas obras-primas.
O filme é dividido em partes, sendo a primeira delas intitulado "A Aurora do Homem" que se passa 4 milhões de anos atrás, e mostra macacos lutando pela sobrevivência até o dia em que aparece o monolito, e então o "homem" descobre o uso da ferramenta. Essa parte do filme dura cerca de 30 minutos só com trilha sonora, gritos de macacos e a espetacular fotografia do mundo como era naquela época.
Com um corte que virou patente do filme, passamos da descoberta da ferramenta (um osso) para uma estação espacial na qual Dr. Floyd (William Sylvester) vai a Lua verificar "problemas" que lá ocorrem. Acontece que é um monolito, que envia um sinal a Júpiter.
Aí então, por volta dos 50 minutos de filme, começa o que parece ser a base do filme, por assim dizer, que acontece 18 meses depois do ocorrido na lua. É na nave Discovery, tripulada por Dave Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood), e mais três pesquisadores em estado criogênico e o famoso computador HAL 9000. E quando o incontestável Hal erra, é que começam os problemas da nave, não pelo seu erro, que foi insignificante, mas por que depois disso os astronautas creem que Hal poderia comprometer a missão, e pensam em desativá-lo, e o problema é que ele descobre isso.
A trilha sonora de 2001 é espetacular, e assim como usará em A Laranja Mecânica, é composta por músicas clássicas. Kubrick até chegou a contratar um compositor para criar uma trilha eletrônica original para 2001. Alex North fez tudo certo, foi pago e não teve a trilha utilizada por preferência pessoal do diretor, sorte nossa, pois as cenas do "balé espacial" com as naves e a caneta são geniais. E o fato de não ter usado atores famosos reforça a idéia de que o principal no filme é a história, deixando de lado atores que poderiam tirar o foco do telespectador.
Os ângulos de câmera também são marcas registradas do diretor, como na cena em que a "aeromoça" leva a comida para os pilotos da nave, ou nos exercícios de Dave. E como não dizer de Hal, um computador representado por uma luz vermelha e uma voz impassível (primeiramente gravada por Martin Balsan, mas a versão do filme é de Douglas Rain) que tem sentimentos e protagoniza uma cena de assassinato (com os corpos em criogênio) onde vemos toda sua vontade de matar os humanos, justamente por não ser um.
O tema principal do filme, pelo menos aparentemente, creio (nada é certo) que seja a relação do homem com sua ferramenta. No começo do filme é um osso, que depois se transforma em naves e em Hal, e aí é quando a própria criação do humano se vira contra ele. No livro, esse tema continua, sendo que depois que Dave está no quarto e está velho, ele revive sua vida de trás para frente, sendo ele o feto ao final do filme, observando a Terra, o maior instrumento do homem, sem poder tocá-la, mas sabendo de tudo que aconteceu/acontecerá. É claro que como o próprio mestre disse, não devemos misturar o livro e o filme. Portanto essa é só mais uma explicação para o que vemos.
O monolito é outra incógnita no filme, seriam eles vários ou é sempre o mesmo? Seria ele um alienígena, uma criatura de um poder maior ou simplesmente um tipo de Deus? Um pensamento que tenho é de que ele seria uma criatura com poderes (não necessariamente Deus), e foi ele quem deu a capacidade ao homem, como mostra o começo do filme, e que guiará o homem a um próximo estágio da evolução (que acontece com Dave no fim) e sapiência.
Enquanto assistia o filme, e Dave começa ao que parece mudar de dimensão, achei que o monolito tivesse explodido o universo, que ele seria um tipo de ser maior e que necessitava de energia. Claro que é uma teoria de história em quadrinhos que não sigo mais, mas que não é descartável.
2001: Uma Odisséia no Espaço é um filme impossível de ser completamente entendido, por deixar questões muito em aberto, por isso será sempre um clássico a ser pensado e re-assistido. Kubrick mesmo disse que se algum dia alguém entender tudo o que ele passou, ele falhou, pois nem ele entende completamente sua obra de arte.


CURIOSIDADES:
Toda a carreira de Kubrick foi permeada de lendas, mitos e conspirações, e uma delas se conecta justamente à mãe das conspirações: a de que o homem não foi a Lua. Mentira ou não, isso já reflete a importância do Sr. Stanley em diversas áreas. A teoria começa com o fato dele ter voltado para gravar 2001 nos EUA, onde teria recursos e "treino" para fazer sua sequência no ano seguinte: 1969, com Neil Armstrong no papel principal. E também a relaciona com a sua morte em 1999, quando estaria de saco cheio das mentiras e quisesse contar ao mundo a verdade sobre o que há (ou não há) lá fora. Sendo o FBI o causador de sua morte.

Aquela historinha do HAL e da IBM todos conhecem, não? De que a IBM era uma das maiores patricinadoras do filme e, ao retirar seus investimentos, deixou Kubrick tão possesso que colocou o nome do computador assassino com uma letra antes da letras da sigla (H antes de I; A de B; e L antes de M)

Este foi o único filme de Kubrick premiado pelo Oscar, e por efeitos especiais! Ou seja, a academia não entendia ele, não é possível!

Espero que tenham gostado da resenha, pois ela deu trabalho. E por favor, deixem suas teorias sobre 2001 aqui nos comentários, pois é por elas que eu escrevi isso tudo. Pois gostaria de ver por vários pontos de vista.

Fontes de pesquisa: Blog Sci-Fi, Rapaduracast 88 - Stanley Kubrick e o próprio filme.

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