21/03/2010

Cantando Na Chuva [1952]

[EXT] NOITE - Av. Paulista, São Paulo. - Um Dilúvio

Zé na porta de um cinema de bairro, com o letreiro luminoso dizendo "Noite de Clássicos - A Laranja Mecânica". Várias pessoas saindo enquanto ele arruma o guarda-chuva, abre e sai para a rua.
Andando numa parte da avenida já vazia, o vento bate e leva o guarda-chuva para o meio da rua. Um carro passa por cima. Tomando chuva, começa a CANTAR EM INGLÊS:

I'm singin' in the rain
Just Singin' in the rain
What a glorious feelin'
I'm happy again

Algumas pessoas passam e olham para ele, que está dando chutes no ar. Zé sai pulando e dançando pela calçada. Vai parar no semáforo e dá uma leve escorregada. Enquando espera o sinal para pedestres ficar verde, diz para si mesmo:

Preciso ver esse filme.


Eu penso comigo mesmo: se um dia eu for diretor, filmarei um musical. Isso foi logo após assistir Across the Universe, com as músicas dos Beatles (terá um post especial em breve). A idéia de contar uma história através de músicas coreografadas é genial. Eu adoro musica, adoro dança, e adoro cinema: junte os três e dá um dos meus gêneros favoritos.
E Cantando na Chuva é um dos melhores exemplos de um musical. O mais famoso de todos os tempos, foi gravado em 1952 e fala da transição do cinema mudo para o falado. Dirigido e protagonizado pelo grande Gene Kelly, este é um dos melhores filmes de todos e um dos mais lembrados clássicos de todos os tempos. Afinal, quem não conhece a música Singin' in the Rain?

Don Lockwood (Gene Kelly) é um astro do cinema mudo, craque na arte da pantomina (o que o Chaplin fazia) e junto com Lina Lamont (Jean Hagen) faz a estréia do seu mais novo filme, com grande cobertura da imprensa e lotado de fãs. Ainda no tapete vermelho, ele conta um breve resumo de sua carreira ao lado de seu melhor amigo Cosmo Brown (Donald O'Connor).
Saindo do cinema, o carro de Lockwood quebra, e ao ser perseguido por fãs, ele entra no carro de uma mulher, que primeiramente não o reconhece, mas depois faz uma critica a ele dizendo que ele não é um ator de verdade, e sim quem faz teatro o é, e também aos filmes da época, quando alega que "se você viu um, viu todos".

Eis então que durante a festa do filme, depois da sessão, o chefe do estúdio faz uma mostra de um filme dele mesmo falando com os espectadores, dizendo que essa é a nova pegada do cinema e que o outro estúdio já está produzindo um filme falado. Acontece que em discursos e entrevistas o casal Lockwood e Lamont (casal para os fãs, já que ele não suporta ela) é sempre dado pelo homem, e ninguém nunca ouviu a voz dela, justamente por ser irritante e com um sotaque caipira.

A mais famosa cena do filme vem depois da pré-estréia do novo filme-falado do nosso protagonista, que foi um fracasso. Ao conversar com Cosmo e Kathy (Debbie Reynolds, a mulher do carro) eles tem a idéia de transformar este filme em um musical antes da estréia oficial.

O filme é excelente por tratar de diversos assuntos paralelamente. O relacionamento de Lockwood com Lamont; com Kathy; o crescimento de Cosmo no estúdio; o cinema na época (década de '20) e a saga dos protagonistas de fazer o filme ser um sucesso.

O relacionamento de Lockwood e Kathy começa mal. Ela meio que odiava ele, ou mostrava isso. Mas depois que eles vão se conhecendo (pois eles trabalha no mesmo estúdio) ela se revela uma grande fã dele. E ele se apaixona por ela por ser "a primeira garota que não cai em sua lábia desde os quatro anos".

Enquanto isso o relacionamento de Lockwood com Lamont vai cada vez pior, pois ela é realmente a loira burra e acredita nas revistas de fãs, que dizem que as duas estrelas estão juntas e ele é apaixonado por ela. Sendo assim ela é o contra-ponto do filme, não chegando a ser vilã, mas sim a pedra no caminho de todos que querem produzir o filme: Lockwood, Cosmo, Kathy, o diretor, o chefe do estúdio...

Aí então temos uma inversão de papéis. Lamont, que começa como sendo a Angelina Jolie do Brad Pitt, termina como a "vilã". E Kathy, que começa como uma mala-sem-alça, vira uma das personagens mais gracinhas (modo Hebe de falar) junto com Alabama, de Amor à Queima-Roupa.

As interpretações são ótimas. Kelly e O'Brown formam uma ótima dupla musical, sendo o último engraçadíssimo em todas suas aparições durante o filme (tá certo que algumas cenas foram mais enrgaçadas na época). Hagen nos faz achar graça da burrinha Lamont e Debbie faz Kathy é a belezinha que é. Todos os trejeitos são trabalhados e dão muita personalidade aos personagens.

O mais importante, as músicas, são ótimas, não saem da cabeça depois que você assiste e contribuem para a história. Não são como em Across the Universe, onde as músicas contam a história. Aqui elas servem para ilustrar mesmo o momento. E apenas em um trecho no fim a cena é muito longa e tira um pouco o foco. Mas nada que atrapalhe, afinal, o longa tem só 1h40min.

Cantando na Chuva é um clássico que aparece em qualquer TOP-alguma-coisa do cinema, sendo um dos filmes mais celebrados do cinema. As atuações, o roteiro e principalmente as músicas fazem desse divertido filme uma experiência inesquecível!

COMENTÁRIO EXTRA-POST
Eu estou com uma sorte danada! Desde que eu comecei a escrever no blog, onde eu
comento todos os filmes que assisti, não teve um que eu não gostei ainda! Que bom!
Por que tem umas fases que eu me sinto um velho ranzinza de tão ruins que são os filmes.
E AQUI tem uma ótima resenha que eu li sobre Cantando na Chuva.


Nenhum comentário: